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ENTREVISTA

Mercado de carbono avança no Brasil e exige adaptações após nova regulamentação

Pedro Abreu detalha funcionamento, desafios e potencial de impacto ambiental do setor, que avança no Brasil após regulamentação

Crédito de carbono é um ativo baseado em serviços ambientais que representa a contenção ou redução da emissão de gases de efeito estufa - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Crédito de carbono é um ativo baseado em serviços ambientais que representa a contenção ou redução da emissão de gases de efeito estufa - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda pouco compreendido por parte da população, o crédito de carbono é uma ferramenta que tem ganhado espaço no debate econômico e ambiental do país. Durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, o diretor-presidente da CSI Money, Pedro Abreu, explicou como funciona o mercado de carbono, sua lógica de operação e os desafios enfrentados no Brasil.

Segundo ele, o crédito de carbono é um ativo baseado em serviços ambientais que representa a contenção ou redução da emissão de gases de efeito estufa. Esse ativo pode ser comercializado em dois tipos de mercado: o regulado, gerenciado por governos, e o voluntário, onde empresas ou indivíduos adquirem créditos espontaneamente para compensar emissões ou cumprir metas privadas.

“O crédito é uma mercadoria. Pode ser comprada e vendida, e serve tanto para prevenir emissões futuras como compensar as atuais”, explicou.

Pedro Abreu nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Adriano Hany/Portal RCN67

Regulamentação recente e mercado ainda em adaptação

Pedro Abreu destacou que, até recentemente, o Brasil operava majoritariamente no mercado voluntário, com ações isoladas e pouco atrativas. Isso começou a mudar com a aprovação da lei de 2024, que criou o Sistema Brasileiro de Créditos de Emissões de Gases de Efeito Estufa e passou a reconhecer os créditos como títulos financeiros, estabelecendo um marco regulatório.

Apesar do avanço, o cenário ainda exige adaptação.

“A lei criou oportunidades, mas também trouxe desafios. O principal deles é fazer o mercado interno se ajustar às regras internacionais. É um movimento novo aqui”, avaliou.

Atuação internacional e rastreabilidade

Abreu também falou sobre a atuação global da CSI Money, que possui operações nos Estados Unidos, Europa, Ásia e África. A empresa disponibiliza plataformas digitais para intermediar a compra e venda de créditos, com mais de 80 mil empresas cadastradas no sistema.

“Há quem pense que crédito de carbono é tudo igual, mas existem diferentes tipos, com aplicações específicas para cada setor”, disse.

Para garantir que o impacto ambiental prometido seja real, os projetos passam por uma série de etapas técnicas e auditorias, incluindo validações independentes e sistemas de registro.

“Um crédito equivale a uma tonelada de carbono retirada da atmosfera. A emissão só acontece depois de verificação criteriosa e rastreável. Sem isso, não pode ser comercializado”, reforçou.

Pressão externa e oportunidades

Na parte final da entrevista, Pedro Abreu destacou que o crédito de carbono também atende a exigências do mercado internacional. Países da União Europeia, por exemplo, já impõem critérios ambientais para importar commodities brasileiras.

“Além do impacto ambiental, esses projetos geram valor financeiro e ajudam o país a cumprir metas externas. Há muito a ser explorado nesse mercado”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: