Ainda pouco compreendido por parte da população, o crédito de carbono é uma ferramenta que tem ganhado espaço no debate econômico e ambiental do país. Durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, o diretor-presidente da CSI Money, Pedro Abreu, explicou como funciona o mercado de carbono, sua lógica de operação e os desafios enfrentados no Brasil.
Segundo ele, o crédito de carbono é um ativo baseado em serviços ambientais que representa a contenção ou redução da emissão de gases de efeito estufa. Esse ativo pode ser comercializado em dois tipos de mercado: o regulado, gerenciado por governos, e o voluntário, onde empresas ou indivíduos adquirem créditos espontaneamente para compensar emissões ou cumprir metas privadas.
“O crédito é uma mercadoria. Pode ser comprada e vendida, e serve tanto para prevenir emissões futuras como compensar as atuais”, explicou.
Regulamentação recente e mercado ainda em adaptação
Pedro Abreu destacou que, até recentemente, o Brasil operava majoritariamente no mercado voluntário, com ações isoladas e pouco atrativas. Isso começou a mudar com a aprovação da lei de 2024, que criou o Sistema Brasileiro de Créditos de Emissões de Gases de Efeito Estufa e passou a reconhecer os créditos como títulos financeiros, estabelecendo um marco regulatório.
Apesar do avanço, o cenário ainda exige adaptação.
“A lei criou oportunidades, mas também trouxe desafios. O principal deles é fazer o mercado interno se ajustar às regras internacionais. É um movimento novo aqui”, avaliou.
Atuação internacional e rastreabilidade
Abreu também falou sobre a atuação global da CSI Money, que possui operações nos Estados Unidos, Europa, Ásia e África. A empresa disponibiliza plataformas digitais para intermediar a compra e venda de créditos, com mais de 80 mil empresas cadastradas no sistema.
“Há quem pense que crédito de carbono é tudo igual, mas existem diferentes tipos, com aplicações específicas para cada setor”, disse.
Para garantir que o impacto ambiental prometido seja real, os projetos passam por uma série de etapas técnicas e auditorias, incluindo validações independentes e sistemas de registro.
“Um crédito equivale a uma tonelada de carbono retirada da atmosfera. A emissão só acontece depois de verificação criteriosa e rastreável. Sem isso, não pode ser comercializado”, reforçou.
Pressão externa e oportunidades
Na parte final da entrevista, Pedro Abreu destacou que o crédito de carbono também atende a exigências do mercado internacional. Países da União Europeia, por exemplo, já impõem critérios ambientais para importar commodities brasileiras.
“Além do impacto ambiental, esses projetos geram valor financeiro e ajudam o país a cumprir metas externas. Há muito a ser explorado nesse mercado”, concluiu.
Confira a entrevista na íntegra: