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FASE DE INVESTIGAÇÃO

Ministério Público investiga usina por incêndio de 3,4 mil ha em Angélica

Vista aérea de canavial queimado em Angélica com manchas de vegetação nativa atingida.
Incêndio em agosto de 2025 afetou 3.397,679 ha em Angélica, incluindo APP e Reservas Legais, segundo laudo do Imasul. Foto: Gerada por IA

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul está investigando a usina Adecoagro, instalada em Angélica por um incêndio de grandes proporções ocorrido em agosto deste ano que atingiu 3.397,679 hectares.

O fogo alcançou áreas agropastoris, Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais (RL), além de floresta cultivada.

A apuração foi aberta em inquérito civil e busca responsabilização ambiental e reparação integral dos danos.

Laudo do Imasul e origem das chamas

De acordo com Laudo de Constatação do Imasul, as chamas tiveram origem durante operação de colheita de cana-de-açúcar em fazenda administrada pela usina. A propagação foi rápida e intensa, alcançando propriedades vizinhas e áreas protegidas. Mesmo com a atuação de brigadas, o fogo perdurou por dois dias.

Imagens de satélite e análise temporal de focos de calor realizadas pelo Núcleo de Georreferenciamento do CPAmb confirmaram o ponto inicial do incêndio no local onde uma colheitadeira foi encontrada queimada.

Dimensão do dano

O levantamento aponta 3.108,734 ha em área agropastoril, 282,945 ha de vegetação nativa (APP e RL) e 6 ha de floresta cultivada. A multimodalidade do impacto — produtiva e ambiental — é considerada no procedimento, que avaliará extensão, intensidade e necessidade de restauração.

Sanções administrativas e PRAD

Diante da gravidade, foi aplicada multa de R$ 12 milhões à empresa pelo Imasul. Além disso, a usina foi notificada a apresentar Projeto de Recuperação de Área Degradada (PRAD) para as áreas de vegetação nativa atingidas, com metas, prazos, métodos de restauração e monitoramento. A execução do PRAD deverá contemplar recuperação de APP e RL, com técnicas compatíveis ao bioma e cronograma de acompanhamento técnico. (voz passiva)

Paralelamente, o MPMS requisitou à Delegacia de Polícia de Angélica a instauração de inquérito policial para apurar, em tese, crime ambiental previsto no art. 41 da Lei nº 9.605/1998 (incêndio em matas ou florestas). O procedimento busca reunir elementos técnicos, periciais e testemunhais que possam embasar Ação Civil Pública, além de medidas para reparação integral do dano ambiental, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.

Próximos passos — O inquérito civil seguirá com coleta de documentos, oitivas e análises complementares sobre a cadeia de causalidade, incluindo avaliação de protocolos de prevenção, treinamento de equipes, barreiras corta-fogo e respostas emergenciais. As atualizações oficiais serão incorporadas quando divulgadas pelos órgãos competentes.