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INTERVENÇÃO POLÍTICA

Movimentos pela Reforma Agrária cessam em MS após promessa de reunião e acordo com MDA

Manifestações duraram quase uma semana e envolveu bloqueios em estradas e prédios públicos; reunião com ministros deve ocorrer ainda neste mês, em Brasília

Reunião foi realizada nesta quinta-feira (2) - Foto: Gerson Wassouf/RCN67
Reunião foi realizada nesta quinta-feira (2) - Foto: Gerson Wassouf/RCN67

Após quase uma semana de mobilizações, os movimentos sociais ligados à luta pela reforma agrária em Mato Grosso do Sul encerraram, nesta quinta-feira (1º), as ocupações realizadas em rodovias e nas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em Campo Grande.

As ações integraram o Abril Vermelho, período de mobilização nacional pela reforma agrária, e tiveram início no sábado, 26 de abril. Além da ocupação dos prédios públicos, os manifestantes realizaram bloqueios em rodovias estratégicas do estado, como forma de pressionar o Governo Federal por avanços concretos na política de distribuição de terras.

Rodovias interditadas em diferentes regiões do estado

Na segunda-feira (28), a BR-060 foi totalmente interditada no km 414, próximo ao acesso ao Capão Seco, no caminho para Sidrolândia, segundo informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também houve bloqueio na MS-164, nas proximidades do assentamento Itamarati, em Ponta Porã, conforme a Polícia Militar Rodoviária (PMR).

Já na quarta-feira (30), a BR-163 foi totalmente bloqueada na altura do km 466, em Campo Grande. Pneus foram queimados e o tráfego foi interrompido nos dois sentidos, provocando congestionamento por tempo indeterminado. O ato foi organizado por movimentos como o MST, o Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária (MCLRA) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), que integram o chamado Campo Unitário Agrário.

Ocupações foram encerradas após agendamento de reunião

A decisão de desocupar os prédios e liberar as vias foi tomada após um acordo firmado entre os movimentos e representantes do MDA e do INCRA. O compromisso contou com a mediação de parlamentares sul-mato-grossenses, entre eles Camila Jara, Vander Loubet, Gleice Jane e Zeca do PT.

Como parte do acordo, foi agendada uma reunião em Brasília, prevista para ocorrer ainda no mês de maio, com a presença do ministro Paulo Teixeira (MDA) e do presidente do INCRA, Cesar Aldrighi. Os manifestantes também reivindicaram a participação de outros ministros, como Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda), no encontro.

Segundo nota divulgada pelo INCRA, os movimentos consideram que as medidas adotadas até o momento pelo governo federal são insuficientes para atender às demandas urgentes de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra.

Reivindicações e Demandas dos Movimentos Sociais

Entre os pontos centrais apresentados pelos movimentos, está a necessidade de efetivar, ampliar e acelerar a política de reforma agrária no estado. Além disso, os grupos exigem uma mesa de diálogo com participação direta de ministros, maior orçamento para aquisição de terras e crédito para a estruturação dos assentamentos já existentes.

Durante os atos, os líderes denunciaram o abandono de milhares de famílias camponesas, que permanecem em acampamentos há mais de 15 anos sem acesso à terra, moradia digna, crédito e assistência técnica.

Mobilização fez parte da Frente Unitária Agrária

As ações foram coordenadas por movimentos reunidos na Frente Unitária Agrária, que engloba organizações de diversas regiões de Mato Grosso do Sul. Ao longo da mobilização, os grupos também protocolaram ofícios em órgãos estaduais, como a Sema, Seaf e Empaer, para tratar de questões relacionadas à regularização fundiária e apoio às áreas camponesas — até o momento, sem retorno.

A manifestação foi marcada pela crítica ao avanço do agronegócio, à grilagem de terras públicas e ao aumento da violência no campo. Os movimentos reforçam que o objetivo principal da mobilização é garantir que a reforma agrária volte a ser tratada como uma prioridade política no estado e no país.