De acordo com o 1º Informe epidemiológico sobre a situação de saúde da juventude brasileira: violências e acidentes, realizado pela Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), a taxa de violência entre jovens sul-mato-grossenses é de 629,5 casos por 100 mil habitantes – uma das mais altas do país, ficando atrás apenas do Distrito Federal (696,1) e do Espírito Santo (637,8).
O estudo inédito da Fiocruz sobre a situação de saúde da juventude brasileira revelou que a idade é um fator de risco mais determinante para violências e acidentes do que a localização geográfica. No entanto, o levantamento mostrou que Mato Grosso do Sul figura entre os estados com maiores taxas de mortalidade juvenil por causas externas, como agressões e acidentes de transporte.
Juventude em maior risco
Os dados mostram que jovens de 15 a 19 anos estão mais expostos à violência física, especialmente em situações de conflito. Já aqueles de 20 a 24 anos, fase em que muitos ingressam no mercado de trabalho, são as principais vítimas de mortes violentas.
No Brasil, entre 2022 e 2023, 65% dos óbitos de jovens resultaram de causas externas, como homicídios, acidentes de trânsito e ações policiais. Em números absolutos, foram 84 mil das 128 mil mortes registradas no período.
A taxa de mortalidade juvenil por violências e acidentes é de 185,5 mortes a cada 100 mil habitantes, bem acima da média nacional da população em geral (149,7). No recorte de 20 a 24 anos, o índice chega a 218,2 por 100 mil habitantes.
Principais causas
O levantamento aponta que a principal forma de violência sofrida por jovens brasileiros é a agressão física (47%), seguida pela violência psicológica/moral (15,6%) e sexual (7,2%). Armas de fogo e motocicletas estão entre os principais fatores de risco à vida da juventude.
Nos casos de acidentes de transporte, 84% das vítimas são homens, sendo que em 53% deles o veículo envolvido era uma motocicleta. Ainda assim, a maior causa de morte violenta entre os jovens é a agressão por armas de fogo.
Outro dado que chama atenção é a participação das ações policiais nas mortes: 3% dos óbitos por causas externas de jovens têm como origem intervenção legal, proporção três vezes maior do que a registrada na população em geral (1%).
Impacto da Violência Juvenil
Com índice de 629,5 casos por 100 mil habitantes, Mato Grosso do Sul aparece em terceiro lugar no ranking nacional, evidenciando um grave cenário de violência contra jovens. O número é mais que o dobro da taxa brasileira considerando toda a população (250,6).
Para o coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, André Sobrinho, é essencial olhar para a juventude de forma segmentada:
“No curso da vida juvenil, as questões de saúde, incluindo as violências, incidem de maneira diferente se a pessoa está no início, no meio ou no fim desse ciclo. É fundamental identificar as necessidades específicas de cada faixa etária”, destacou.
O estudo reforça a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção de violências e acidentes, especialmente em estados como Mato Grosso do Sul, onde a juventude enfrenta riscos muito acima da média nacional.