
No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o presidente do Instituto Sumatogrossense para Cegos (ISMAC), José Aparecido de Souza, o Cidinho, destacou a necessidade de ampliar acesso a direitos, romper barreiras sociais e fortalecer políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência visual.
Em entrevista à Massa FM, ele comentou dados do Censo 2022 do IBGE, que apontam 174.860 pessoas com algum tipo de deficiência em Mato Grosso do Sul, e reforçou que a deficiência visual é a mais frequente, presente em 96 mil moradores do Estado.
Segundo Cidinho, o número expressivo reforça a necessidade de que mais famílias procurem o ISMAC para garantir educação, reabilitação e oportunidades de trabalho aos deficientes visuais.
“Embora nós tenhamos aproximadamente 96 mil pessoas com deficiência visual em todo o Mato Grosso do Sul, em nossos cadastros nós temos aproximadamente 2.500 cegos ou pessoas com baixa visão. O desafio é apelar para que as famílias tenham conhecimento desse atendimento e tragam essas pessoas para que elas tenham acesso à educação, à reabilitação e ao mercado de trabalho”, afirmou.
Ele ressaltou que a principal barreira ainda não é estrutural, mas atitudinal. Para Cidinho, as leis existem, mas não avançam se não forem colocadas em prática. “A gente não tem que discutir, a gente tem que trabalhar para que elas sejam executadas. Essas são as dificuldades que a gente tem hoje”, disse.
Ao comentar o índice de analfabetismo entre jovens e adultos com deficiência, apontado pelo Censo, Cidinho destacou que a legislação prevê responsabilidade do poder público e apoio às escolas especializadas, mas ainda falta preparo técnico nas salas regulares.
“O professor não está capacitado para isso, e aí o aluno vai passando de ano sem ter tido o aprendizado necessário. É onde acaba a gente tendo bastante índice negativo”, avaliou.
Durante a entrevista, ele também falou sobre o Mês Social do Cego, celebrado em dezembro e considerado uma das principais ações do ISMAC. A programação reúne atividades culturais, esportivas, educacionais e de promoção de direitos.
“O mês social dos cegos serve para mostrar tudo aquilo que foi debatido durante o ano. A gente trouxe a discussão sobre os dez anos da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e também mostra outras atividades, como o paradisporto, ações culturais, de mercado de trabalho e da área social”, explicou.
Cidinho reforçou que a inclusão depende da articulação de vários setores, do poder público à sociedade civil.
“O governo tem a responsabilidade dele. A sociedade tem a responsabilidade dela de manter a instituição, porque a instituição é filantrópica e sobrevive de doações. Todos têm sua responsabilidade para que esse trabalho seja pleno”, afirmou.