
Durante o MS Avança 2025, evento realizado dentro da 7ª edição do RCN em Ação 2025, o economista Vladimir Caramaschi apresenta um diagnóstico detalhado sobre o cenário econômico internacional e nacional, analisando riscos, tendências e oportunidades para 2026.
Caramaschi integra comitês de investimento e acompanha mercados onshore e offshore, trazendo ao evento uma leitura técnica sobre os blocos econômicos, a influência das tensões geopolíticas e o papel crescente da inteligência artificial na economia mundial.
Cenário internacional surpreende pela estabilidade
Segundo o economista, 2025 é marcado por instabilidade política e tensões geoeconômicas, mas encerra o ano com desempenho acima das expectativas.
“O desempenho foi surpreendentemente benigno para a economia global e para os mercados em comparação com o que se poderia esperar”, afirma.
Ele explica que Estados Unidos, China e Zona do Euro mantêm crescimento moderado, sem sinais de recessão no curto prazo.
O ponto mais sensível, segundo ele, continua sendo a China, por causa dos desequilíbrios estruturais, do excesso de capacidade produtiva e das pressões deflacionárias.
“A China é talvez o ponto que merece mais atenção. O excesso de investimento pode levar a problemas que já estamos vendo, como as pressões deflacionárias.”
EUA vivem “pouso suave” com impacto direto da inteligência artificial
Caramaschi afirma que a economia norte-americana desacelera lentamente, mas segue sustentada pelo consumo e pelo avanço tecnológico.
“A economia segue com bom desempenho. Os investimentos em inteligência artificial estão fazendo uma baita diferença no PIB americano.”
O economista explica que a expansão dos data centers, a corrida por poder computacional e a difusão dos modelos de IA provocam crescimento incomum.
“A disrupção da inteligência artificial já gera efeitos macroeconômicos visíveis no curto prazo.”
Europa mantém estabilidade, apesar de limitações estruturais
Na Zona do Euro, Caramaschi afirma que o cenário segue estável, com inflação próxima da meta e crescimento moderado.
“Não vemos motivos para alta ou baixa de juros no curto prazo. O crescimento deve continuar estável, próximo a 2%.”
O economista destaca que os gastos com defesa têm impulsionado a recuperação de países como a Alemanha.
Brasil cresce acima do esperado, mas convive com risco fiscal
No panorama nacional, Caramaschi diz que o Brasil encerra 2025 com desempenho “melhor do que o esperado”, mas ainda enfrenta desafios importantes.
“A economia tem entregue crescimento acima das projeções. Mas a situação fiscal é insustentável e será um grande problema para o próximo governo.”
Ele prevê queda gradual da Selic em 2026, mas limitada pela incerteza fiscal.
“A taxa pode fechar o ano entre 12% e 12,5%.”
Mato Grosso do Sul se destaca e cresce acima da média nacional
Ao abordar o cenário regional, Caramaschi é direto: Mato Grosso do Sul vive um momento muito mais positivo que o resto do país.
“O Estado tem condições de crescer múltiplas vezes acima da média nacional. Isso tem acontecido nos últimos anos e tende a continuar.”
Ele cita três motores centrais:
- expansão da agropecuária
- desempenho superior da indústria de transformação
- fluxo migratório crescente
Caramaschi também ressalta a boa capacidade de investimento público do Estado.
“É um Estado que mantém uma capacidade de investimento público razoável, bem mais favorável que outras unidades da federação.”
A participação do MS no PIB nacional, segundo ele, cresce de forma contínua.