Aprovado pela Câmara Municipal, o projeto que proíbe o plantio, comércio e transporte da murta de cheiro (Murraya paniculata) em Campo Grande representa um novo passo no combate à praga que ameaça a citricultura em Mato Grosso do Sul.
A planta é hospedeira do psilídeo da laranjeira, inseto transmissor do greening, considerada a mais destrutiva doença dos cítricos no mundo.
O texto do projeto prevê multa de R$ 1 mil para quem for flagrado desrespeitando a proibição. O valor será corrigido pelo IPCA e pode dobrar em caso de reincidência. A proposta ainda precisa ser sancionada pela prefeita Adriane Lopes (PP) para virar lei.
Além da restrição, o projeto estabelece que o município deverá elaborar um plano de erradicação da murta já existente, iniciando pelas áreas públicas como ruas, praças e parques, e posteriormente alcançando imóveis particulares.
A cidade tem a maior concentração dessa espécie no Estado, o que aumenta o risco para a cadeia produtiva dos cítricos. O alerta vem da própria realidade enfrentada em outros polos produtores.
Em São Paulo, o greening já comprometeu cerca de 50% das lavouras, segundo dados do setor.
Mesmo em áreas urbanas, o risco de contaminação permanece. Isso porque o psilídeo pode percorrer até cinco quilômetros voando e, com ajuda do vento, atingir até 20 quilômetros, conforme explica Karla Nadai, coordenadora de Citricultura da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Leis semelhantes já estão em vigor em Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti, enquanto outros municípios discutem medidas semelhantes. Em nível estadual, a Lei nº 6.293, sancionada em agosto de 2023, já proíbe a produção, o transporte e o comércio da murta em todo o território de Mato Grosso do Sul.
A decisão de endurecer o combate ao greening ocorre num momento em que o Estado atrai grandes investimentos no setor de citricultura, com mais de 20 mil hectares de pomares plantados e expectativa de atingir 30 mil hectares até o fim do ano.
Para apoiar os produtores, o governo também firmou acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (FundeCitrus), entidade mantida por citricultores e indústrias de suco, que atua no monitoramento técnico das lavouras.
*Com informações do Governo de MS