Dois projetos de pesquisa desenvolvidos na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) conquistaram posições de destaque no 8º Concurso de Artigos Científicos da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.
Entre 71 trabalhos inscritos, os artigos coordenados pelo professor Júnior Silva, da Faculdade de Educação (Faed), ficaram em primeiro e segundo lugar em categorias diferentes.
Os projetos fazem parte da produção científica desenvolvida na Rede de Centros de Desenvolvimento de Esporte Recreativo e de Lazer (Rede Cedes), vinculada ao curso de Educação Física da UFMS.
Apoio financeiro a estudantes-atletas ainda é restrito
O artigo “Dupla carreira e suporte financeiro: análise de programas institucionais de bolsa atleta em universidades federais brasileiras” ficou em primeiro lugar na categoria Esporte de Rendimento e Indústria do Esporte.
O trabalho analisou como universidades públicas oferecem suporte financeiro a estudantes que conciliam estudos e prática esportiva de alto rendimento.
“Apenas 16% das universidades federais brasileiras dispõem de programas institucionais voltados ao suporte financeiro por intermédio de bolsas para estudantes-atletas, com pagamento de bolsas sobretudo por cinco meses”, apontou o professor Júnior Silva.
De acordo com o levantamento, a Universidade de Brasília foi a que ofereceu o maior número de bolsas (72), enquanto a UFMS registrou o maior valor mensal, de R$ 700 — a maioria das universidades paga bolsas de R$ 400.
“Concluímos que a política de suporte financeiro por meio da concessão de bolsas para estudantes-atletas em universidades federais brasileiras ainda é incipiente, localizadas sobretudo em regiões que não dispõem do clubismo esportivo, com valores adequados, mas subsidiados por poucos meses”, explicou o pesquisador.
O estudo foi realizado em parceria com o professor Guilherme Alves Grubertt, do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Inclusão de pessoas com deficiência ainda é limitada no MS
Na categoria Esporte Educacional e Inclusão Social, o segundo lugar ficou com o artigo “Análise da política pública de atividades físicas adaptadas e a inclusão de pessoas com deficiência no contexto educacional de Mato Grosso do Sul”, de autoria da pesquisadora Kamila Rodrigues Paixão, com coautoria do professor Júnior Silva.
O estudo analisou o Programa MS Desporto Escolar (Prodesc) entre 2020 e 2024 e identificou sete projetos de incentivo. Apenas três contemplaram pessoas com deficiência, todos restritos ao paradesporto.
Campo Grande e Dourados concentraram a maior parte das ações — juntas, representaram mais de 80% da execução dos projetos.
“O estudo objetivou analisar a política pública de atividade física adaptada e a inclusão de pessoas com deficiência no contexto educacional do Mato Grosso do Sul. Especificamente, buscou analisar a abrangência, a magnitude e a continuidade dos programas existentes”, explicou Júnior.
Os pesquisadores concluíram que a política estadual tem baixa abrangência territorial, magnitude reduzida e apresenta descontinuidade nas ações, comprometendo a efetividade da inclusão.
Pesquisa local com impacto nacional
Os dois artigos foram desenvolvidos com o suporte da Rede Cedes, que funciona como estrutura de apoio físico e tecnológico a projetos científicos nas áreas de esporte, lazer e saúde.
A rede é mantida na UFMS desde 2014 com recursos captados junto ao Ministério do Esporte.
O Concurso de Artigos Científicos da Comissão do Esporte tem como objetivo incentivar a produção acadêmica voltada ao fortalecimento do Sistema Desportivo Nacional.
*Com informações da UFMS