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ENTREVISTA

Psiquiatra destaca importância de reconhecer sinais de risco e buscar ajuda

Em entrevista, Marcos Estevão destacou como doenças mentais e abuso de substâncias aumentam a chance de comportamento suicida

Marcos Estevâo nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Rodrigo Moreira/Portal RCN67
Marcos Estevâo nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Rodrigo Moreira/Portal RCN67

Durante participação no quadro Saúde é Massa, do programa Microfone Aberto da Massa FM Campo Grande, nesta sexta-feira (5), o psiquiatra Marcos Estevão falou sobre os fatores que podem levar ao suicídio e reforçou a importância da prevenção. Segundo ele, o fenômeno é complexo e raramente está ligado a um único motivo.

Doenças mentais e risco elevado

“O suicídio é um ato extremo e preocupante. Não sabemos exatamente quem vai se suicidar, mas conhecemos os riscos e eles precisam ser valorizados”, afirmou Estevão.

Ele explicou que transtornos como depressão e bipolaridade estão entre os principais fatores de risco. “A forma grave da depressão traz risco. É quando a pessoa vive um conflito interior, um sentimento de menos valia muito grande e acredita que a vida não vale a pena. Ela não enxerga outra saída que não seja a morte”, disse.

Substâncias e impulsividade

Outro ponto destacado foi o impacto do uso abusivo de álcool e drogas. “O abuso de substâncias é o terceiro maior risco de suicídio, atrás apenas da depressão unipolar e bipolar. Ele diminui a crítica e favorece o ato impulsivo”, explicou.

Segundo o psiquiatra, cerca de 70% dos usuários dependentes têm algum transtorno mental associado. “A junção da depressão com o uso de substâncias potencializa ainda mais o risco. Muitas vezes a pessoa já tem um planejamento suicida e, sob efeito da droga, executa esse impulso”, afirmou.

Fatores genéticos e herança familiar

O especialista também ressaltou a influência genética. “Histórico familiar de suicídio aumenta o risco em outros membros da família. Doenças mentais têm carga genética, e o suicídio não fica de fora”, disse.

Para ele, campanhas como o Setembro Amarelo ajudam a ampliar a conscientização. “Os riscos precisam ser reconhecidos pela família, pela sociedade e pelo sistema de saúde. Só assim será possível encaminhar a pessoa a um profissional de saúde mental e reduzir os casos”, destacou.

Psiquiatria e preconceito

Marcos Estevão também criticou o estigma em torno da psiquiatria. “Psiquiatra não é coisa de louco. O termo ‘loucura’ é genérico e não existe na psiquiatria. Nós tratamos desde problemas comuns como depressão e ansiedade até quadros mais graves, sempre com o objetivo de evitar que a pessoa chegue a um estágio extremo”, afirmou.

Ele concluiu destacando a necessidade de atenção preventiva: “Grande parte da sociedade está adoecida e muitas vezes precisaria de um check-up psiquiátrico para reconhecer sua condição. A prevenção é fundamental”.

Confira a entrevista na íntegra: