
Pantanal teve um aumento de 157% na área queimada em 2024 em relação à média histórica dos últimos 40 anos. O dado está no Relatório Anual do Fogo (RAF), elaborado pela rede MapBiomas com base em imagens de satélite e dados oficiais, divulgado nesta terça-feira (24).
O bioma pantaneiro foi o terceiro mais afetado pelas queimadas no ano passado, com cerca de 2,2 milhões de hectares consumidos pelas chamas.
Esse foi o terceiro ano com maior extensão queimada no Pantanal desde 1985, ficando atrás apenas de 1999 (2,7 milhões de hectares) e 2020 (2,6 milhões). O crescimento expressivo acende um sinal de alerta, especialmente diante da recorrência do fogo em regiões sensíveis do ecossistema, como áreas de campos alagados e formações campestres.
Segundo o MapBiomas, a maior parte do fogo se concentrou em vegetação nativa.
“O Pantanal queimou principalmente na região do entorno do Rio Paraguai, que passa por secas desde a última grande cheia em 2018. A vegetação seca e o clima extremo têm favorecido a propagação do fogo”, explica o coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas, Eduardo Rosa.
93% da área queimada no Pantanal em 2024 foi em vegetação nativa, especialmente em campos naturais e florestas estacionais. A maioria das cicatrizes de fogo detectadas tem entre 10 mil e 100 mil hectares, mas o bioma também é o que mais registrou megaincêndios, com cicatrizes superiores a 100 mil hectares, característica que se repete ao longo das últimas décadas.
Segundo Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo, a nova edição do relatório traz subsídios importantes para o planejamento de políticas públicas.
“Essa primeira edição do RAF é uma ferramenta fundamental para apoiar políticas públicas e subsidiar as estratégias de prevenção e resposta ao fogo nos biomas brasileiros”, afirma.
A tendência de aumento das queimadas no Pantanal ocorre em um contexto de estiagem prolongada e alterações no regime hídrico, com impactos ainda mais severos nas áreas de preservação e de biodiversidade.
Projeções para 2025
Para este ano, o cenário ainda é de atenção, embora o primeiro semestre tenha apresentado condições mais úmidas. “2025 está, teoricamente, mais tranquilo em termos de fogo, mas ainda vamos entrar no período de seca agora”, explicou Eduardo Rosa.
Segundo ele, o rio Paraguai está com a cota dos 3 metros. “O bioma não teve aquela supercheia, mas está úmido. A ocorrência de fogo ainda é pouca, mas a atenção precisa estar no segundo semestre, que é quando começa o período mais seco”, alertou.
Rosa reforça que ações rápidas são fundamentais. “Qualquer atenção ao foco inicial é muito importante para que o fogo não se alastre. Já vimos frentes de fogo com 25 quilômetros de extensão, o que torna o combate muito difícil. Por isso, a vigilância e resposta imediata são essenciais.”