As obras no Terminal Oeste – antiga rodoviária – em Campo Grande (MS), seguem em ritmo considerado “normal” pelos comerciantes, apesar do atraso de mais de dois anos no cronograma inicial. Prevista para ser concluída em dezembro, a reforma da parte pública do espaço já provoca mudanças na dinâmica comercial da região e gera expectativa de valorização imobiliária.
Paulo Pereira, síndico do condomínio do Centro Comercial Terminal Oeste, afirma que, embora a intervenção tenha causado transtornos, há sinais de aquecimento.
“Tem aparecido gente interessada em comprar ou alugar. O movimento já começou a melhorar”, diz.
Segundo ele, o condomínio abriga cerca de 30 empresas, mas teria capacidade para até 150. Os aluguéis giram em torno de R$ 800 por sala.
Além da reforma pública, o grupo privado Dákila adquiriu lojas no terminal e planeja instalar novos empreendimentos, mas ainda não iniciou as obras. Para Pereira, a entrada de investidores é sinal de confiança no potencial de recuperação da área. “Eles só colocam dinheiro onde enxergam oportunidade”, afirma.
Com a chegada prevista de órgãos como a Fundação Social do Trabalho (Funsat) e a Guarda Municipal, comerciantes acreditam que o fluxo de pessoas aumentará e impulsionará a valorização dos imóveis. Segundo o sindico, há alguns anos, era possível encontrar espaços por cerca de R$30 mil. Hoje, uma loja na parte externa pode custar cerca de R$ 150 mil, enquanto um espaço interno é estimado em R$ 100 mil.
A presença de pessoas em situação de rua é vista como um dos principais desafios. “Não é só aqui, é na cidade toda. Muitos têm medo deles, acham que são marginais”, afirma Pereira. Apesar da percepção de insegurança, ele diz nunca ter presenciado assaltos no local.
Giovana de Sousa Ajala, atendente de uma cooperativa de transporte, relata que a obra reduziu o movimento de clientes. “Quando ficávamos no corredor, tínhamos mais fluxo. Com os tapumes, muita gente pensou que tínhamos fechado”, conta. Ela acredita que a conclusão vai atrair mais usuários e “afastar os andarilhos”, aumentando a sensação de segurança.
Para comerciantes como Shirley Dias, que se instalou no local no fim de 2024, o investimento é uma aposta no futuro.
“A clientela caiu 50% por causa da localização, mas a expectativa é que o terminal volte a ser um ponto de referência”, afirma.
Ela relata que, no período em que está no local, não teve problemas com pessoas em situação de rua — ao contrário, diz, alguns ajudam a proteger o comércio.
Mesmo com a lentidão da obra, o clima entre lojistas é de otimismo. “Estamos aguardando com paciência”, resume Pereira, apostando que a reabertura completa trará de volta o brilho de um espaço que já foi referência no comércio de Campo Grande.