
Nesta terça-feira (05) foi entregue a 13º instituição reformada por reeducandos do regime semiaberto de Campo Grande. Localizada no bairro Jardim Guanabara, a Escola Estadual Joelina de Almeida Xavier integrou o programa "Revitalizando a Educação com Liberdade".
No total, foram investidos R$ 680 mil para o custeio de todo o material necessário para a reforma hidráulica e elétrica do prédio, pintura completa, instalação de nova cobertura metálica, construção de uma biblioteca, de um local apropriado para armazenar alimentos, reforma de banheiros, jardinagem etc. Com a conclusão da obra, são mais de R$ 3 milhões de recursos dos presos investidos na reforma geral de escolas.
A entrega técnica, conduzida pela diretora da escola, Rose Helena Padoa Barbosa, contou com a presença do presidente do Tribunal de Justiça de MS, Des. Carlos Eduardo Contar, de reeducandos, outras autoridades e alunos. Janaína Nascimento Barbosa, reeducanda do projeto, falou sobre a experiência de participar do projeto.
“Crime nenhum compensa ou compra o direito de liberdade. Você não poder ir e vir, saber se é dia ou noite, abrir a janela, é muito degradante. A educação é a única ferramenta capaz de impedir essa realidade, de transformar a vida de vocês. Então não deixem a escola, estudem”, desabafou aos presentes.
A reforma foi iniciada em novembro do ano passado e contou com o trabalho de 25 reeducandos, que reformaram a parte hidráulica, elétrica (com preparação para instalação de ar condicionado), pintura completa, construção de bancos, reforma de banheiros e jardinagem. Além da construção de uma cobertura metálica única para todo o pátio da escola, que contou com a parceria do Senai, na oferta de vários cursos aos detentos, e o Ministério Público do Trabalho, que doou os recursos necessários para a construção da biblioteca.
O juiz Albino Coimbra Neto, idealizador do projeto e titular da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, o "Revitalizando a Educação com Liberdade" integra duas das maiores mazelas atuais da sociedade, com aptidão humana de agir em conjunto. “Tudo o que foi feito foi a partir da conjunção de várias pessoas que fazem da educação e da questão prisional, duas das maiores mazelas atuais, uma prioridade para melhorar a situação do nosso país. Essas duas mazelas se juntam aqui, a partir de pessoas, para uma resolver o problema da outra”, declarou.
Em oito anos, os cofres públicos economizaram mais de R$ 11 milhões com o programa, valores resultantes do trabalho realizado pelos reeducandos do regime semiaberto da capital. O projeto prevê o desconto de 10% do salário dos presos, valor que é posteriormente convertido em material de construção para as escolas. O trabalho é realizado em parceria com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen-MS), Conselho da Comunidade e a Secretaria de Educação do Estado de MS (SED), entre outros, que oferecem formação profissional e até mais estrutura, como bibliotecas e ar condicionado.