Veículos de Comunicação

SAÚDE PÚBLICA

Reorganização da rede de saúde de MS redefine funções e promete desafogar grandes hospitais

Novo modelo hierarquizado busca corrigir distorções históricas e garantir que pacientes sejam atendidos no local adequado, reduzindo filas e custos

Novo modelo busca corrigir distorções garantir que pacientes sejam atendidos no local adequado - Foto:  Bruno Rezende/Governo de MS
Novo modelo busca corrigir distorções garantir que pacientes sejam atendidos no local adequado - Foto: Bruno Rezende/Governo de MS

A rede hospitalar de Mato Grosso do Sul vai funcionar de forma diferente nos próximos anos. Um redesenho da estrutura estadual, chamado de “Nova Arquitetura da Saúde”, está sendo colocado em prática para descentralizar atendimentos, reduzir filas e garantir que cada paciente seja atendido no nível adequado, de acordo com a gravidade do caso.

A proposta mantém as quatro macrorregiões existentes — Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá —, mas reorganiza as microrregiões, que passam de 11 para 9. No lugar de um sistema centralizado em poucas cidades-sede, todos os municípios ganharão protagonismo de acordo com sua capacidade instalada, número de profissionais, equipamentos e oferta de serviços.

O principal destaque é a criação de um “cinturão” de hospitais de média complexidade, localizados em municípios estratégicos, para reter atendimentos que hoje acabam sobrecarregando grandes centros.

“Apenas 14 municípios do Estado conseguem atender a maior parte de seus pacientes dentro da própria cidade. Queremos mudar isso, fortalecendo estruturas locais para que o cidadão não precise se deslocar centenas de quilômetros por um atendimento que poderia ser feito mais perto de casa”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Maurício Simões Corrêa.

Diagnóstico da rede: leitos ociosos e baixa resolutividade

Maurício Simões durante o evento da Nova Arquitetura da Saúde do Estado – Foto: Fernando de Carvalho/PoralRCN67

O levantamento que embasou a mudança revelou que Mato Grosso do Sul possui 4.657 leitos hospitalares, mas boa parte deles está em unidades que não resolvem os problemas de saúde de forma efetiva.

Em muitos casos, hospitais de pequeno porte operam com baixa taxa de ocupação e sem especialidades essenciais, o que obriga o encaminhamento de pacientes para hospitais de referência.

“Tem hospital pequeno que é resolutivo e hospital grande extremamente ocioso. Isso mostra que não é apenas o tamanho da estrutura que determina a qualidade do atendimento, mas o modelo de gestão e a oferta real de serviços”, pontuou Simões.

Mudança no financiamento e início da implantação

A nova política hospitalar será viabilizada por um modelo de financiamento misto, com repasses fixos e variáveis de acordo com a produção e o perfil de cada unidade. Segundo o secretário, todos os prefeitos e gestores de hospitais já conhecem e aprovaram a proposta, que começa a ser implantada a partir da próxima semana, com publicação de resolução e assinatura dos primeiros contratos.

O projeto piloto já funciona há dois meses em municípios como Coxim, Ribas do Rio Pardo, Aquidauana e Maracaju, que ampliaram procedimentos e reduziram filas, incluindo cirurgias por videolaparoscopia realizadas no interior.

“Queremos que a alta complexidade esteja onde há estrutura para isso, e que os hospitais regionais e de apoio assumam casos compatíveis com a sua capacidade”, reforçou.

Impactos esperados

A expectativa é que, com a reorganização, o fluxo de pacientes se torne mais racional, evitando que hospitais como o Regional de Campo Grande e a Santa Casa sejam ocupados por casos de baixa ou média complexidade.

Para o paciente, isso significa menor tempo de espera e menos deslocamentos. Para o sistema, representa redução de custos e melhor aproveitamento de recursos humanos e equipamentos.

Além da melhoria na assistência, a medida também deve favorecer regiões em crescimento econômico, que recebem novos empreendimentos industriais e, consequentemente, aumento populacional.

“A saúde precisa acompanhar o desenvolvimento. Muitas das iniciativas econômicas não estão na capital, mas em cidades pequenas que já sentem impacto na demanda por serviços de saúde”, observou Simões.