
A equipe técnica do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) percorreu, em sobrevoo de quase 480 quilômetros, as áreas de nascente e foz dos rios Salobra, Betione e Prata, na bacia do rio Miranda, para mapear pontos com sinais de degradação ambiental. Os três rios abastecem o Miranda, que deságua no Paraguai e ajuda a sustentar o Pantanal — além de movimentar atividades como ecoturismo, pecuária e agricultura.
O presidente do IHP, Ângelo Rabelo, afirma que o cenário preocupa pela queda no volume de água. Ele alerta que, em períodos de estiagem, o desvio dos rios para açudes e áreas de lazer agrava ainda mais a pressão sobre os cursos d’água. “Isso desequilibra um sistema já fragilizado”, disse.
O monitoramento, realizado em 27 de novembro, apontou trechos com ausência de área de proteção permanente (APP), regiões com estresse hídrico e áreas de supressão vegetal em morrarias. O levantamento integra um trabalho de dez anos do instituto nas cabeceiras do Pantanal.
A equipe agora vai cruzar as imagens aéreas com dados de geoprocessamento e análises feitas em campo, o que deve indicar onde há necessidade de recuperação ambiental, como plantio e correção de solo.
Segundo o biólogo Sérgio Barreto, o sobrevoo ajuda a confirmar no terreno o que aparece nos mapas. “Identificamos cenários distintos. Há supressões autorizadas, mas também áreas sem APP que precisam de atenção. A próxima fase é aprofundar a análise”.
A bacia do rio Miranda tem 44.740 km² e reúne 20 municípios, onde vive metade da população de Mato Grosso do Sul. Ela integra a Bacia do Alto Paraguai e tem papel estratégico na manutenção hídrica do Pantanal.
Rabelo reforça que o monitoramento deve ser contínuo. Para ele, identificar danos cedo permite evitar que o problema avance. “Se não houver intervenção, áreas que sustentam rios turísticos e de grande valor ecológico podem entrar em colapso”, afirma.
Rios monitorados
A nascente do rio Salobra fica no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, conhecido pela água cristalina e pelos cânions.
O rio Betione, também em Bodoquena, tem trechos explorados pelo ecoturismo.
O rio da Prata nasce na divisa entre Jardim e Bonito, em área de banhado com forte vocação turística.
Todos deságuam no rio Miranda, um dos mais importantes para o equilíbrio do Pantanal.