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DEFESA VEGETAL

Vazio sanitário da soja está em vigor em MS para conter ferrugem asiática

Medida adotada há duas décadas visa controlar avanço da maior ameaça à cultura da soja

Vazio sanitário proíbe a presença da cultura até 15 de setembro
Vazio sanitário proíbe a presença da cultura até 15 de setembro em todo o estado – Foto: Reprodução/Sistema Faep


Com o objetivo de conter a ferrugem asiática e garantir uma próxima safra mais produtiva, o vazio sanitário da soja está em vigor em Mato Grosso do Sul desde o último sábado (15) e segue até 15 de setembro. A medida proíbe a presença de plantas vivas de soja em todo o território estadual — incluindo propriedades rurais, margens de rodovias e áreas públicas — e busca romper o ciclo do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença.

Considerada uma das maiores ameaças à produção da oleaginosa, a ferrugem asiática pode provocar perdas severas nas lavouras, pelo seu alto potencial destrutivo. Constatada inicialmente em 2001 no país, a doença rapidamente se disseminou por praticamente todas as regiões produtoras de soja.

Estruturas de reprodução do fungo na parte inferior da folha, em imagem aumentada 30x – Foto: José Tadashi Yorinori

O fungo sobrevive em plantas remanescentes da última colheita, conhecidas como soja guaxa ou soja tiguera, e se espalha com facilidade entre lavouras, reduzindo drasticamente a produtividade.

“O vazio sanitário é um compromisso coletivo. Ele contribui diretamente para proteger a sojicultura sul-mato-grossense e viabilizar safras mais sustentáveis“, afirmou Daniel Ingold, diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

Ao eliminar a planta hospedeira durante o período sem cultivo, o número de esporos no ambiente diminui, o que gera três benefícios diretos: menor pressão de doenças sobre a próxima safra, redução de custos com defensivos e maior sustentabilidade no manejo agrícola.

Desfolha provocada pela ferrugem asiática da soja – Foto: Reprodução/Embrapa

Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. As perdas em grãos, ocasionadas pela ferrugem, vêm diminuindo nos últimos anos, mas ainda ocorrem.

A aplicação de fungicidas, cultivares de soja resistentes e o vazio sanitário são hoje as principais ferramentas de manejo da doença para reduzir perdas.

Foto: Antonio Neto/Arquivo Embrapa

Dados

No Brasil, Mato Grosso do Sul é o terceiro em número de ocorrências de ferrugem asiática na safra de soja 2024/2025, com 12 notificações, de acordo com dados do Consórcio Antiferrugem – uma parceria público-privada no combate à doença no país. O estado do Paraná reúne o maior número de ocorrências (65), seguido por Rio Grande do Sul (25). O vizinho Mato Grosso teve duas notificações nesta última safra, nos municípios de Primavera do Leste e Campo Verde.

Em MS, as últimas notificações da ferrugem asiática ocorreram nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. Os focos da doença foram registrados em Amambai, Bonito, Chapadão do Sul, Maracaju, Naviraí e Ponta Porã.

O que deve ser feito

Durante os 90 dias de vigência do vazio sanitário, os produtores rurais devem:

  • Monitorar constantemente a propriedade para detectar e eliminar plantas voluntárias de soja;
  • Erradicar qualquer planta viva, seja por meio de controle químico ou mecânico;
  • Respeitar o calendário agrícola, evitando qualquer plantio fora do período permitido.

Quem descumprir as regras está sujeito a sanções legais, incluindo multas e outras penalidades previstas na legislação sanitária vigente. A Iagro reforça que intensificará as fiscalizações nesse período e orienta os agricultores a colaborarem com o cumprimento da norma.

Dúvidas ou denúncias sobre o descumprimento podem ser encaminhadas para o WhatsApp da Iagro: (67) 99971-8163.

Consórcio Antiferrugem

Como estratégia de transferência de tecnologia para a ferrugem-asiática da soja, foi criado em 2004 o Consórcio Antiferrugem.

Atualmente, o Consórcio conta com aproximadamente 100 laboratórios cadastrados em todo o Brasil, capacitados para identificar a ferrugem-asiática da soja. Além disso, fazem parte dele cerca de 60 pesquisadores de instituições públicas e privadas, distribuídos em todas as regiões brasileiras com o intuito de monitorar o problema e gerar informação atualizada sobre a doença.

Na internet, o Consórcio mantém atualizada a divulgação de dados de pesquisa, orientações técnicas e também monitora a doença em tempo real durante a safra de soja. A partir da detecção regional dos focos de ferrugem, a cada safra, e do compartilhamento digital dos dados, é gerado um mapa sobre a dispersão da doença no Brasil. (Mapa abaixo)

Paralelamente à criação do Consórcio foi formada uma rede de ensaios cooperativos para testes de fungicidas entre pesquisadores de todo o Brasil, responsável por gerar conhecimento para subsidiar as ações de pesquisa, de técnicos e de produtores no campo. A rede de ensaios cooperativos também compõe o Consórcio Antiferrugem.

Ocorrências de ferrugem asiática no Brasil na safra 2024/2025 – Fonte: Consórcio Antiferrugem