
O vereador Jean Ferreira (PT) defendeu nesta terça-feira (25), durante entrevista à Massa FM Campo Grande, a importância da Lei 7.425/2025, que cria o Programa Municipal de Combate à Ludopatia, sancionado com vetos pela Prefeitura.
O parlamentar alertou que, sem a garantia legal de execução plena, o projeto corre o risco de se tornar ineficaz.
A proposta, aprovada na Câmara e de autoria do próprio vereador, tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos dos jogos de azar, orientar dependentes e seus familiares, além de articular ações educativas em escolas, unidades de saúde e canais digitais do poder público.
No entanto, trechos centrais foram vetados pela prefeita Adriane Lopes, o que, segundo Jean, esvaziou parte da proposta original.
“A prefeita vetou pontos fundamentais, como campanhas em escolas e a criação de parcerias com as secretarias. Isso descaracteriza o programa. A lei foi sancionada, mas sem esses instrumentos, a gente não consegue de fato chegar até as pessoas”, afirmou.
Vetos e articulação para derrubada
Entre os trechos vetados estão ações de conscientização em escolas para crianças e adolescentes, a Semana Municipal de Combate ao Vício em Apostas, campanhas nos meios de comunicação e o apoio psicológico a dependentes e seus familiares.
A criação de parcerias com instituições de saúde e assistência social também foi excluída.
Jean Ferreira disse que pretende articular a derrubada dos vetos quando o texto retornar à Câmara. “Se não houver execução efetiva do programa nos órgãos e unidades públicas, a proposta perde sua força. Vamos trabalhar para retomar esses pontos”, declarou.
Rede de apoio é insuficiente, diz vereador
Segundo o vereador, a rede de atenção psicossocial disponível atualmente em Campo Grande é limitada e insuficiente para atender a crescente demanda de casos relacionados ao vício em apostas — especialmente entre jovens.
“Temos poucos CAPS e quase nenhuma discussão sobre ludopatia nas escolas. Hoje, jovens estão jogando e até incentivando outros a apostarem. As redes sociais e aplicativos lucram em cima da dependência dessas pessoas”, alertou.
Jean também destacou a falta de estrutura pública para atendimento especializado. “A ludopatia é um problema de saúde mental grave, e a rede de atendimento não está preparada para lidar com isso da forma como deveria”, pontuou.
Influência digital e impacto nas finanças públicas
Durante a entrevista, o parlamentar também apontou o impacto do vício em apostas nas famílias, empresas e, por consequência, na arrecadação do próprio município. “A Prefeitura precisa entender que esse problema afeta a arrecadação e destrói famílias. Grandes influenciadores estão promovendo esses jogos, e o poder público precisa reagir com campanhas e informação”, disse.
Segundo dados do Banco Central, cerca de 24 milhões de pessoas participaram de apostas no país apenas em agosto de 2024. Já no primeiro trimestre de 2025, os valores movimentados mensalmente em jogos chegaram a R$ 30 bilhões.
Confira a entrevista na íntegra: