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Zoneamento climático define áreas e períodos ideais para o cultivo de alho no Brasil

Publicação do Ministério da Agricultura orienta produtores sobre risco climático e amplia segurança para plantios em regiões tropicais e subtropicais

Publicação do Ministério da Agricultura orienta produtores - Foto: Divulgação/Mapa
Publicação do Ministério da Agricultura orienta produtores - Foto: Divulgação/Mapa

A cultura do alho passou a integrar oficialmente o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), programa que define as regiões e períodos mais seguros para o plantio no país.

As portarias foram publicadas nesta terça-feira (25) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com estudos desenvolvidos pela Embrapa Hortaliças e entidades do setor produtivo.

O Zarc é utilizado para indicar ao produtor em quais janelas de plantio há menor probabilidade de perdas por fatores meteorológicos. No caso do alho, o zoneamento abrange regiões de clima tropical e subtropical, com orientações que servem de base para agricultores, seguradoras e agentes financeiros.

Segundo a Embrapa, o objetivo é reduzir prejuízos e melhorar a produtividade, já que o alho é uma espécie sensível à temperatura, luminosidade e disponibilidade hídrica. O estudo considerou cultivares de alho nobre, que representam a maior parte da produção comercializada no mercado interno.

Clima e altitude determinam o desempenho da lavoura

Para atingir boa formação de bulbos, o alho exige temperaturas mais baixas — entre 10°C e 18°C — e longas horas de luz, condições que não se repetem de forma uniforme no país.

Por isso, o zoneamento separa as recomendações conforme a predominância de clima tropical ou subtropical.

Em áreas subtropicais, a altitude mínima indicada para o cultivo é de 600 metros. Já nas regiões tropicais, essa exigência sobe para 750 metros, pois a altitude influencia diretamente na temperatura média e no acúmulo de frio necessário para o desenvolvimento da planta.

O zoneamento usa parâmetros de temperatura média e máxima para identificar períodos com menor risco climático. Locais que não atendem a esses critérios apresentam alto risco de perdas, principalmente na fase de bulbificação.

Vernalização amplia áreas de plantio

Outro ponto destacado no estudo é a necessidade de vernalização — o tratamento de frio aplicado aos bulbos antes do plantio. A técnica permite que a planta responda melhor ao fotoperíodo e à temperatura, possibilitando o cultivo em regiões antes consideradas inadequadas.

Com esse manejo, cultivares nobres têm sido produzidas em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, ampliando a oferta nacional.

Irrigação é indispensável

Por ser uma planta sensível ao déficit hídrico, o alho não é recomendado para cultivo de sequeiro. O Zarc considera exclusivamente sistemas irrigados, que garantem maior estabilidade ao longo do ciclo produtivo.

A necessidade hídrica da cultura varia entre 400 e 850 milímetros, dependendo do clima e da duração do ciclo.

O estudo também alerta para riscos como a podridão branca, doença causada por fungo que pode inviabilizar totalmente a produção em áreas contaminadas.

Acesso ao Zarc

Para produtores que utilizam seguro rural ou Proagro, seguir as janelas de plantio indicadas é obrigatório. As informações completas estão disponíveis no Painel de Indicação de Riscos do Mapa, nas portarias por estado e no aplicativo Zarc Plantio Certo.

O levantamento contou com pesquisadores da Embrapa Hortaliças e Embrapa Agricultura Digital, além de universidades e associações de produtores de alho de diferentes regiões do país.

*Com informações da Mapa