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Com fim da sacola plástica descartável, consumo de saco retornável deve explodir

Indústria brasileira sofre para concorrer com produto asiático, que ameaça 30 mil empregos

Devem faltar sacolas plásticas retornáveis nos supermercados por causa da alta procura, segundo associação -
Devem faltar sacolas plásticas retornáveis nos supermercados por causa da alta procura, segundo associação -

Após um acordo entre empresários e o governo do Estado, os supermercados paulistas começam a substituir nesta quarta-feira (25) as sacolas plásticas descartáveis pelas biodegradáveis. Com o fim das tradicionais sacolinhas, o consumo dos sacos biodegradáveis deve aumentar, mas nada comparado à compra de sacolas retornáveis, cuja procura deve explodir.

O diretor de sustentabilidade da Apas (Associação Paulista de Supermercados), João Sanzovo, afirma que não devem faltar sacolas biodegradáveis, que vão custar entre R$ 0,19 e R$ 0,25, para a população no início do programa, mas as lojas estão sujeitas a uma procura maior das retornáveis.

– Acho que o problema vai ser mais na sacola reutilizável que na biodegradável. Nas experiências de Jundiaí e Belo Horizonte, nós nos preparamos para a biocompostável e a que precisou mais foi a reutilizável. As pessoas vão tomar mais a decisão de ter a reutilizável porque ele gasta R$ 2 uma vez só e a sacola dura dois anos. Se ele comprar dez sacolas biodegradáveis, já chega a esse valor.

Em abril do ano passado, a capital mineira acabou com as sacolas plásticas nos supermercados, e, ainda em 2010, a cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, foi palco do projeto-piloto para banir os sacos descartáveis. Esse programa está sendo agora implantado nos supermercados do Estado.

Apesar de parecer uma alternativa interessante, o boom na procura pelas retornáveis pode impactar negativamente na criação de empregos, segundo presidente da Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos), Miguel Bahiense, que representa a indústria do plástico.

– Quanto à retornável, além dos estudos dizerem que elas impactam mais no meio ambiente que as comuns, estamos vendo uma enxurrada de sacolas retornáveis fabricadas na China e no Vietnã, a preços lá embaixo, mesmo sendo importadas. Isso deverá prejudicar a indústria nacional, sobretudo o mercado de trabalho.

Segundo Bahiense, “existem no Brasil 30 mil empregos diretos na indústria de sacolas plásticas que estão ameaçados”.

– Se as empresas não conseguirem mudar para fabricar retornável ou lidar com as importadas, haverá um impacto grande.

De acordo com o presidente da Plastivida, o impacto ambiental da retirada das sacolas plásticas descartáveis do mercado vai ocorrer porque o consumidor não vai deixar de comprar plástico para dar fim ao lixo doméstico.

– Quando a sacola sair de circulação, o consumidor vai ter que comprar duas embalagens: uma para o transporte das compras e o saco de lixo, que é feito do mesmo material da sacolinha e tem a mesma destinação, ou seja, o aterro sanitário.

A adoção de sacolas biodegradáveis e retornáveis como alternativa às descartáveis foi antecidapa pelo R7 em abril de 2011. O novo saco plástico é feito de amido de milho, é digerida por micro-organismos e leva dois meses para desaparecer, informou na época o presidente da Apas, João Galassi.