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Preço do álcool fica mais caro a partir de 2012

Só agora, em dezembro, o etanol subiu 4% na bomba. Em alguns estados o litro chegou a custar R$ 2,99

O preço dos combustíveis vai ficar mais caro no ano que vem. O governo vai baixar os juros para estocagem do etanol.

Nos postos, o etanol não tem saído muito. O consumidor reclama do preço, que está nas alturas. “Eu abasteço todo dia, gasto um tanque de combustível, e o álcool não é viável”, disse o taxista Modesto do Carmo.

Só agora, em dezembro, o etanol subiu 4% na bomba. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, em alguns estados o litro chegou a custar R$ 2,99.

“É terrível, não dá para usar porque você não sabe seus custos, seus gastos mensais. Você estipula alguma coisa e no final do mês já tem uma diferença”, afirma o administrador Cristiano Augusto.

É uma soma de fatores. O clima seco não ajudou, a safra de cana foi menor que no ano passado, e quase metade virou açúcar para exportação em vez de combustível. Resultado: o Brasil fecha o ano com uma produção de etanol 17% menor que em 2010.

O etanol não está atrativo agora e deve ficar pior: é que no início do ano começa o período de entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima para produção do combustível. E quanto menos produto no mercado, maior o preço. Costuma ser assim de janeiro até abril.

O governo autorizou linhas de financiamento, com juros menores para estimular produtores a estocarem, uma forma de reduzir o preço. Mas o ano novo vai começar sem o efeito prático dela.

“A linha de credito vai ser aberta para contratação provavelmente no primeiro semestre de 2012 e os estoques devem ser liberados a partir de janeiro de 2013. Então, essa medida vai valer para 2013”, disse Francisco Erismá Oliveira de Albuquerque, coordenador geral de crédito rural e normas do Ministério da Fazenda.

Já a partir de janeiro, a novidade para os produtores é a exportação para os Estados Unidos, que depois de 30 anos de protecionismo derrubaram as tarifas cobradas sobre o etanol brasileiro que entrava no país.

Apesar da abertura do mercado, um representante de produtores diz que a prioridade será o consumidor brasileiro. “É preciso lembrar que embora esse fato ocorrido agora tenha um grande significado para nós em termos de produção de etanol, o nosso grande mercado é o mercado interno e vai continuar sendo mercado interno, que está seriamente comprometido em função da falta de políticas públicas”, afirma Manoel Ortolan, presidente da Associação de Plantadores de Cana do Interior de São Paulo.

Os detalhes sobre as linhas de financiamento vão ser decididos pelo Conselho Monetário Nacional, que irá definir questões como o índices das taxas de juros, o volume de etanol que precisará ser estocado e como será feito o reembolso do financiamento. Uma das preocupações do governo é que a falta do produto tem impacto na inflação.