Veículos de Comunicação

Entrevista

‘HPV não depende de classes sociais’

Médico Alberto Jorge Costa alerta que qualquer pessoa pode contrair a doença, especialmente em ato sexual, e defende vacinação

Alberto Jorge Costa é pediatra em Campo Grande - Arquivo Pessoal
Alberto Jorge Costa é pediatra em Campo Grande - Arquivo Pessoal

O Ministério da Saúde lançou, em setembro, uma campanha para convocar adolescentes em todo o país a se vacinarem contra o HPV (Papiloma Vírus Humano). Mais de 20 milhões de brasileiros devem buscar postos de saúde para tomar a vacina. Em Mato Grosso do Sul, a estimativa é de imunizar 257 mil adolescentes. Desse total, 116,5 mil são meninas com idades entre 9 e 14 anos, e 140,4 mil meninos têm de 11 a 14 anos. A vacina que é dividida em duas etapas. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, 7,9% das meninas e 9,9% dos meninos tomaram a primeira dose em 2018. No ano passado, a cobertura vacinal no Estado foi de 13,6% (2.669 meninas) e 22,8% (4.482 meninos), conforme dados do Datasus.  “O HPV pode acometer todas as faixas etárias. É sexualmente transmissível e independe de classes sociais”, explica o pediatra Alberto Jorge Costa.

Jornal do Povo – O HPV é uma doença que atinge um público específico?
Alberto Jorge
– Hoje, o HPV é uma doença que pode acometer todas as faixas etárias. É uma doença sexualmente transmissível e independe de classes sociais, qualquer pessoa está predisposta [a contrair]. É uma doença bem disseminada entre homens e mulheres. Há alguns anos, foi lançada uma vacina que protege contra os principais vírus do HPV que são mais prevalentes, que são mais incidentes na população em geral e que podem causar várias doenças como verrugas genitais, problemas de mucosa oral [boca], inclusive câncer de colo de útero. 

JP – Há alguma forma de prevenção?
Alberto –
Essas doenças relacionadas ao HPV são as doenças que podem ser prevenidas por meio da vacina que existe. É uma vacina que pode ser aplicada a partir dos 9 anos de idade, tanto em meninas quanto em meninos. Quanto mais cedo esses adolescentes receberem a vacina do HPV, mais longa é a proteção. Então, por exemplo, um menino ou uma menina que toma essa vacina com 11 anos de idade, vai estar bem mais protegido no futuro do que um adolescente que faz com 15 anos, por exemplo. E essa vacina, hoje, ela tem duas doses. Você faz uma dose e, depois de 60 dias, o reforço. Normalmente, ela não tem efeito colateral nenhum. Na maioria das vezes, é uma vacina extremamente segura, indicada mundialmente. Vários países, assim como no Brasil, já dispõem da vacina no sistema público de saúde. Então, é uma vacina que realmente é importante.

JP – Como o sr. avalia o cenário da doença e da vacinação em MS?
Alberto –
Como é uma vacina que tem poucos anos de início e ainda a cobertura vacinal não é a ideal, ela precisa ser ampliada. A gente imagina que logo logo, na medida em que se amplie a cobertura vacinal, com certeza os resultados vão ser mais palpáveis. Hoje, essa vacina, inclusive, abrindo um parênteses, pode ser indicada para tratamento de alguns casos da doença HPV, Então, é uma vacina que, com certeza, na medida que vai se ampliando a vacinação na população em geral, as repercussões positivas, ou seja, a diminuição do número de pessoas infectadas vai acontecer de maneira mais consolidada. Assim, a gente já tem histórico de várias doenças, inclusive algumas delas já erradicadas no nosso meio, por conta da vacinação que foi feita em massa na população.