A administração municipal entrou, no mês de março, com o pedido de reintegração de posse de quatro lotes no Cinturão Verde de Três Lagoas. Isso ocorreu, segundo o engenheiro agrônomo, Manoel Latta Ernandes, do Departamento de Agronegócio, porque as famílias adquiriram os lotes de maneira irregular. Conforme prevê o Termo de Permissão de Uso, entregue em novembro do ano passado, os lotes não podem ser comercializados. Ficou constatado que essas famílias compraram de terceiros.
Três Lagoas
Prefeitura quer retomar lotes do Cinturão Verde
Município irá reaver quatro lotes que foram adquiridos de forma irregular, por meio de compra pelos moradores
A decisão em retomar a área, de acordo com o engenheiro, ocorreu após a realização de um levantamento feito no local e dos casos analisados pela Comissão de Regularização de Ocupação do Cinturão Verde, que é composta por representantes do Meio Ambiente, do Ministério Público, da Câmara Municipal, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, do Jurídico da Prefeitura e da Agência de Desenvolvimento Agrário (Agraer).
A comissão foi criada para atender aos requisitos estabelecidos no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto do ano passado, entre o Ministério Público Estadual e a Prefeitura. O TAC foi formalizado em decorrência dos fatos apurados em um inquérito civil público, instaurado em 2011 pelo Ministério Público, que investigava a ocupação e vendas irregulares de lotes no Cinturão Verde.
De acordo com Manoel Latta, após a assinatura do TAC e da entrega do Termo de Permissão de Uso, a comissão iniciou um processo de levantamento e de identificação da situação dos lotes. Além dos quatro em que já houve o pedido de reintegração de posse, a comissão analisa a situação de mais seis lotes que podem estar sendo ocupados de maneira irregular.
Para ter direito de ocupar o lote, a família precisa atender aos critérios do contrato e do TAC. Entre eles, estar produzindo, ser de baixa renda e não ter mais de um imóvel, entre outras exigências. Em hipótese alguma é permitida a venda, locação ou transferência de lotes para terceiros. Além disso, a área é única e exclusivamente para exploração de hortifrutigranjeiros. “Uma das cláusulas exige que, após seis meses da entrega do Termo de Ocupação, a família esteja produzindo. Os lotes não são apenas para moradia, mas para a produção”, destacou Manoel Latta.
Segundo o engenheiro, a maioria das famílias tem mostrado preocupação em atender aos novos critérios. “Temos observado uma movimentação do pessoal para atender a essa nova exigência. Estamos vendo uma preocupação das famílias em se organizar para produzir no Cinturão Verde”, destacou.
APOIO
Manoel Latta disse que o Departamento de Agronegócio tem dado apoio aos pequenos produtores do Cinturão Verde. “Oferecemos assistência técnica e disponibilizamos três tratores com implementos a eles”, comentou.
Atualmente, 10 famílias participam do projeto de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS). Os pequemos produtores foram contemplados com kits, com caixa d’água e mangueiras, bomba para obter água de poço, carriola, calcário, sementes de hortaliça, adubo orgânico, milho para dez galinhas e um galo que fazem parte do projeto, entre outros materiais que possibilitam a estruturação de todo o sistema de irrigação e a montagem do galinheiro no centro da horta.
O projeto é implantado em meio hectare do lote do pequeno produtor, onde, em formato de um círculo, são plantadas diversas hortaliças e, no meio, é construído o galinheiro, cujo esterco produzido no local serve para adubar a verdura que está em volta. De acordo com Manoel Latta, a intenção é levar esse projeto para outros lotes. “Há produtores que já estão oferecendo produtos para as escolas de Três Lagoas”, informou.