
A ferrugem asiática da soja contabiliza 51 ocorrências confirmadas no Brasil, de acordo com levantamento do Consórcio Antiferrugem, reforçando o alerta para produtores e técnicos do setor. O Paraná concentra a maior parte dos registros, com 40 ocorrências, distribuídas em dezenas de municípios, incluindo casos em soja voluntária, situação que aumenta o risco de disseminação do fungo.
O estado de Mato Grosso do Sul registra seis ocorrências confirmadas, enquanto São Paulo soma três. Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm uma ocorrência cada, evidenciando que o patógeno já está ativo em diferentes regiões produtoras do país.
Segundo a pesquisadora Ana Ruschel, da Fundação MS, a ferrugem asiática é causada por um fungo biotrófico, que depende de tecido vivo da planta hospedeira para sobreviver durante a entressafra. Durante o período de vazio sanitário, o fungo se mantém principalmente em soja tiguera ou em outros hospedeiros alternativos. Com o início da nova safra, os esporos provenientes dessas plantas podem iniciar a epidemia.
Em áreas de fronteira, como Sete Quedas, que faz divisa com o Paraguai, a ferrugem tende a se manifestar de forma mais precoce, já que o país vizinho mantém cultivo contínuo de soja safra e safrinha. Os esporos transportados pelo vento contribuem para a intensificação da doença em áreas do sul de Mato Grosso do Sul.
A pesquisadora alerta que o patógeno encontra condições ideais de desenvolvimento com temperaturas entre 18°C e 26°C e alta umidade relativa do ar. Períodos de molhamento foliar de apenas 6 a 8 horas, incluindo o causado por orvalho, já são suficientes para o crescimento do fungo. Com condições climáticas favoráveis, a evolução da doença é rápida, podendo provocar desfolha precoce das plantas e perdas significativas de produtividade.
A Fundação MS destaca que falhas no manejo, presença de soja voluntária e clima favorável podem antecipar a epidemia e elevar perdas, que podem chegar a 70% da produtividade se não houver controle eficaz.