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PROPOSTA INDECENTE

'Exigia calça legging justa e oferecia R$ 200 por encontro', diz mulher sobre ex-patrão em Paranaíba

Ex-funcionária afirma que práticas que ela soube teriam ocorrido entre 2019 e 2020 e envolvido outras funcionárias do local

Ainda segundo o relato, o empresário chegou a solicitar que algumas funcionárias acompanhassem amigos dele durante o expediente - Foto/Produção reportagem
Ainda segundo o relato, o empresário chegou a solicitar que algumas funcionárias acompanhassem amigos dele durante o expediente - Foto/Produção reportagem

Uma ex-funcionária de um estabelecimento comercial de Paranaíba relatou ter sido vítima de assédio durante o período em que trabalhou no local. A mulher, que pediu para não ter a identidade revelada, afirma que outros episódios semelhantes também teriam ocorrido com outras colaboradoras da empresa.

De acordo com o relato, os comportamentos considerados inadequados teriam começado já no processo seletivo. Sob orientação do proprietário, o gerente do estabelecimento iniciava contato com as candidatas por meio de mensagens de WhatsApp, solicitando o envio de fotos de corpo inteiro vestindo calças legging pretas — peça que, segundo ele, fazia parte do uniforme da empresa. Conforme a denunciante, algumas candidatas teriam sido desclassificadas ainda nesta etapa.

A ex-funcionária contou que as candidatas aprovadas eram convocadas para uma segunda fase, uma entrevista individual com o proprietário do estabelecimento. Nessas ocasiões, segundo ela, o empresário – que era casado – oferecia bebidas e, em alguns casos, passava a fazer perguntas de cunho íntimo e a propor benefícios em troca de possíveis encontros. A denunciante afirmou que chegou a receber uma proposta de R$ 200 por “saídas”, oferta que recusou, embora tenha sido contratada posteriormente. “Algumas aceitavam, pegavam o dinheiro e não estavam nem aí. Outras se recusavam e logo saíam da empresa.”, disse.

Durante os dois meses em que permaneceu no emprego, a mulher afirma ter enfrentado constantes investidas e propostas do empresário. Ela decidiu deixar o cargo em razão das situações de constrangimento. Embora tenha ficado por um curto período de tempo no estabelecimento, ela afirma que soube de casos ocorridos entre os anos de 2019 e 2020. A ex-funcionária também relatou que na época existia um grupo de mensagens composto apenas por mulheres que trabalhavam no local, no qual o proprietário fazia comentários sobre a aparência das funcionárias e orientava que utilizassem “calças legging justas” e se mantivessem “bonitas no trabalho”.

Ainda segundo o relato, o empresário chegou a solicitar que algumas funcionárias acompanhassem amigos dele durante o expediente, afastando-se temporariamente das funções para sentar-se à mesa com os convidados. Questionada sobre o motivo de não ter feito o relato anteriormente, a mulher afirmou que foi desestimulada por pessoas próximas e ex-funcionárias do local, sob o argumento de que o homem era rico.

A ex-funcionária afirmou ter deixado Paranaíba há alguns anos. Ela informou que nenhuma das mulheres que trabalhavam no estabelecimento à época permanece no local. Questionada se vai formalizar a denúncia aos órgãos competentes, ela disse que avalia com familiares, mas que provavelmente não, e que apenas quer fechar uma lacuna na alma, ao relatar o caso.