
No início da madrugada desta quarta-feira (29), uma mulher de 30 anos foi alvo de uma nova tentativa de feminicídio em Três Lagoas (MS), menos de sete dias após escapar da primeira investida de seu ex-marido, identificado pelo apelido de “Toddynho”, de 42 anos.
Por volta de 0h20, a vítima estava em uma conveniência na Rua Antônio Esteves Leal, no bairro Paranapungá, acompanhada da filha e de amigas, quando foi surpreendida pelo ex-companheiro. Testemunhas relataram que o homem chegou alterado e passou a discutir com a mulher. Durante a briga, ele sacou um revólver e disparou duas vezes em direção à vítima, que por pouco não foi atingida.
Após os tiros, o suspeito fugiu em uma moto Honda CG Titan vermelha. Viaturas da Rádio Patrulha e do GETAM (Grupo Tático de Ações com Motos) realizaram buscas na região dos bairros Paranapungá e São Jorge, mas o homem não foi localizado. O caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac).
Essa foi a segunda tentativa de assassinato contra a mesma mulher em menos de uma semana. No último sábado (25), o agressor teria abordado a ex-mulher na Rua Dr. José Amílcar Congro Bastos, no Jardim Cangalha, onde a agrediu e a ameaçou com a mesma arma de fogo. Na ocasião, a vítima conseguiu fugir de carro antes de ser morta. Mesmo com rondas da Força Tática, o suspeito também não foi encontrado.
Com duas tentativas de feminicídio em sete dias, a vítima vive uma situação de risco extremo, o que acende o alerta para que as autoridades de proteção às mulheres adotem medidas urgentes de segurança. O caso reforça o cenário preocupante de violência doméstica e feminicídios em Mato Grosso do Sul.
Números que assustam
De acordo com dados oficiais da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Mato Grosso do Sul já registrou 31 feminicídios em 2025, até o final de outubro.
Três Lagoas, que já chegou a figurar entre as cidades com maior taxa proporcional de feminicídios do Brasil — 3,2 mortes por 100 mil habitantes —, mantém um histórico preocupante.
Entre 2020 e 2025, foram 90 mortes violentas registradas no município, sendo 13 feminicídios. Isso representa 14,4% de todas as mortes dolosas ocorridas no período, índice acima da média nacional.
Confira a evolução dos casos:
- 2020: 11 mortes (2 feminicídios);
- 2021: 21 mortes (4 feminicídios);
- 2022: 19 mortes (3 feminicídios);
- 2023: 19 mortes (sem feminicídios);
- 2024: 15 mortes (4 feminicídios);
- 2025: 6 mortes (1 feminicídio até outubro).
Apesar da queda nos números absolutos, o risco permanece alto devido à reincidência de agressores e à falta de proteção efetiva às vítimas — como mostra o caso da mulher que, mesmo após uma denúncia anterior, voltou a ser alvo de tiros em via pública.
Alerta das autoridades
Casos como este reforçam a necessidade de ações integradas entre Polícia Civil, Ministério Público, Judiciário e rede de proteção à mulher, para impedir que ameaças evoluam para mortes.
Especialistas apontam que a denúncia rápida e o monitoramento eletrônico de agressores reincidentes são medidas fundamentais para evitar tragédias anunciadas.