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BONITO EM PAUTA

Deputados travam embate sobre Bonito, eucalipto e agricultura familiar em MS

Assembleia discute risco ambiental em Bonito e avanço do eucalipto, com confronto entre defesa do agro e críticas à fiscalização.

Paisagem aérea de rio de águas claras cercado por mata e áreas abertas de lavoura ao fundo, sugerindo contraste entre turismo e produção agrícola
Rios cristalinos de Bonito dividem espaço com lavouras e acendem alerta no plenário da Assembleia

O meio ambiente dominou um dos debates mais tensos da sessão, refletindo a urgência do debate ambiental em pauta. No grande expediente, o deputado Pedro Kemp voltou a alertar para os impactos do desmatamento e do mau uso do solo na região de Bonito, Bodoquena, Jardim e Miranda. Segundo ele, sobrevoos realizados pelo Instituto Homem Pantaneiro em cerca de 500 quilômetros de nascentes dos rios Betione, Prata e Salobra identificaram redução de áreas de preservação permanente. Também causaram estresse hídrico e risco de assoreamento.

Início do debate

Além disso, o parlamentar lembrou que mais de 90% dos turistas que visitam Mato Grosso do Sul procuram justamente os rios de águas cristalinas dessa região, destacando a importância do debate ambiental. Por isso, ele cobrou fiscalização mais rigorosa do Imasul, do Ministério Público e dos órgãos ambientais. Ele alertou que o avanço do desmatamento, do plantio de soja e de obras irregulares ameaça não só o patrimônio natural, mas também a principal vitrine turística do estado.

Ao mesmo tempo, Kemp denunciou casos de esgoto despejado próximo a nascentes. E a falta de proteção adequada das matas ciliares. Na avaliação do deputado, se medidas firmes não forem tomadas, Bonito, Bodoquena e o Pantanal podem perder rapidamente as características que hoje atraem turistas do Brasil e do mundo, intensificando o debate ambiental.

Na sequência, o debate ganhou contornos ainda mais acalorados com a fala de Zeca do PT. Primeiro, ele apresentou moção de repúdio contra o Iagro, acusando a agência de impor exigências desproporcionais à agricultura familiar. Enquanto seria mais tolerante com grandes empreendimentos do agronegócio. Depois, anunciou a intenção de realizar audiência pública na Assembleia, com a participação de Ibama, Imasul, Ministério Público, universidades e trabalhadores, todos focados no debate ambiental sobre os efeitos das florestas de eucalipto no leste do estado.

De acordo com Zeca, a expansão acelerada dos projetos de celulose estaria secando lagoas, nascentes e cursos d’água. Isso estaria reduzindo alimento para animais e pressionando agricultores assentados. Assim, ele acusou os órgãos de fiscalização de omissão e afirmou que “quem manda no governo” seriam entidades ligadas ao grande empresariado rural e ao setor produtivo.

Reação e Defesa do Agronegócio

Em resposta, o deputado Roberto Rashioca relatou sua experiência pessoal com o Imasul, apontando exigências rígidas numa pequena propriedade. Ao mesmo tempo, houve pouca reação diante de intervenções maiores feitas por empresas de cana em represas da região. Logo depois, já nas explicações pessoais, o deputado Zé Teixeira reagiu com firmeza às críticas ao agronegócio.

Segundo ele, não é correto generalizar o setor produtivo como vilão ambiental. Isso porque as propriedades rurais são obrigadas por lei a manter reservas legais e áreas de preservação. Teixeira lembrou que há maus produtores que devem ser punidos. No entanto, ele enfatizou que muitos preservam matas e nascentes sem qualquer compensação financeira, contribuindo para o debate ambiental.

Dessa forma, a sessão escancarou um conflito que vai além do plenário. De um lado, a cobrança por mais controle sobre desmatamento, monocultura e eucalipto. De outro, a defesa do agronegócio como setor que alimenta o país e cumpre regras ambientais rígidas. A audiência pública anunciada promete ser o próximo palco dessa disputa intensa no debate ambiental.