As padarias brasileiras têm vagas para 10 mil padeiros. Além de fazer diversos tipos de pães, os interessados nesses empregos, cujos salários giram em torno de R$ 3 mil, precisam reunir qualidades gerenciais como planejamento, organização, disciplina e interação com a administração da panificadora. “O profissional que cuida dos fornos precisa entender qual o produto tem mais saída e inovar”, afirma Giovani Mendonça, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip).
Segundo ele, nos últimos quatro anos, as panificadoras brasileiras contrataram 100 mil profissionais, entre padeiros, confeiteiros, ajudantes de cozinha, atendentes e gerentes de loja. Mas faltam profissionais qualificados para assumir vagas nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Mendonça lembra que, recentemente, uma padaria de Brasília adiou a inauguração por quatro meses porque não tinha um bom padeiro.
“O mercado está aquecido”, afirma Ronio Ross, superintendente da Escola do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Divinópolis, em Minas Gerais, que forma profissionais para indústria de alimentos. Ele ressalta que não há mais espaço para improviso neste segmento, e a concorrência obriga o empresário a ter maior critério na seleção dos padeiros. Assim, ganham os clientes, que encontram produtos de maior qualidade no mercado.
Nas escolas do Senai, a formação de um profissional com os requisitos exigidos pelo mercado leva em torno de um ano e meio. Neste tempo, ele aprende a fazer pães, biscoitos, bolos, doces, tortas, sorvetes e outros produtos de panificação e confeitaria. Também é preparado para atuar no planejamento, coordenação, orientação e controle de ações relacionadas ao fluxo de materiais e processos de produção. O curso técnico no SENAI tem uma duração média de 850 horas, além de 300 horas de estágio supervisionado em empresas. Em 2009, os cursos de panificação e confeitaria do SENAI receberam um total de 20.556 matrículas no Brasil.
O Melhor padeiro do Brasil
Foi no Centro de Formação Profissional Gustavo Paiva do Senai em Maceió que o jovem Wagner de Mendonça Amorim se formou em 2009. Hoje, ele está entre os três melhores padeiros do país e representará o Brasil na categoria pães artísticos da etapa América da Copa do Mundo de Panificação Louis Lesaffre, que ocorrerá de 26 a 29 de setembro, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Na quinta-feira, 15 de julho, Wagner foi um dos vencedores da etapa brasileira da Copa do Mundo de Panificação Louis Lesaffre, que reuniu 18 padeiros de todo o país, em Brasília.
“Estou muito feliz com a conquista. Vou representar com muito orgulho meu país e buscar uma das duas vagas do continente no mundial que será realizado em Paris, em 2012”, diz Wagner. Também participarão do concurso em Las Vegas, os outros dois vencedores da fase nacional: Cristiano da Silva Meirelles, do Paraná, na categoria baguetes e pães especiais, e Aldo Jesus Santos, do Espírito Santo, na categoria pães doces confeitados e massas folhadas.
A conquista da fase brasileira da Copa Louis Lesaffre é o segundo título nacional de Wagner. Em março deste ano, ele ganhou a medalha de ouro em panificação na Olimpíada do Conhecimento do Senai, a maior competição de educação profissional das Américas. Antes de se tornar padeiro, ele queria ser jogador de futebol. Mas o curso do Senai abriu outras oportunidades. Deixou então os treinos do CRB, clube da primeira divisão do futebol alagoano, para lidar com pães.