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Bulas de remédios serão modificadas

Letras maiores e informações mais claras são algumas das modificações

É consenso entre consumidores a grande dificuldade para a leitura das bulas dos remédios -
É consenso entre consumidores a grande dificuldade para a leitura das bulas dos remédios -

Letras minúsculas, blocos de textos juntos e excesso de palavras desconhecidas pela maioria da população, assim poderia ser resumida a bula de remédio, que para a maioria das pessoas não passa de um papel que vem na embalagem do medicamento.

Além da mudança no tamanho da letra, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na tarde de ontem que o conteúdo terá informações mais claras, com linguagem objetiva e padronizada, incluindo acesso a textos de medicamentos voltados aos deficientes visuais. Entre as regras estão informações referentes à quantidade, características, composição, qualidade e preço.

Para o farmacêutico, Olentino Garcia de Queiroz, hoje as bulas  de remédios são impraticáveis para quem as usa. “A maioria das pessoas não tem condições de ler letras tão minúsculas. É necessário que a Anvisa faça esse trabalho o mais rápido possível, já que as bulas podem ser consideradas um problema, tanto pelo tamanho das letras, quanto pelo conteúdo, que é específico”, diz.

O farmacêutico explica que o conteúdo das bulas pode ser entendido apenas por quem é da área. “Eles complicam na hora de escrever. Poderia ter um linguajar mais simples. Desta maneira alcançaríamos a população e todos poderiam conhecer os medicamentos que tem em casa. Muitas vezes a pessoa já tem o remédio, mas como não conhece acaba comprando outro”.

Olentino destacou outro problema que envolve clareza, as receitas médicas.

“Hoje já existe um exigência para que as receitas venham digitadas. Mas, alguns ainda não mandam e alguns médicos têm letra ilegível. Quando chegam aqui com esse tipo de receita, se não conseguimos entender geralmente ligamos para o médico, e caso ele não se encontre optamos por não vender o medicamento, pois não podemos entregar algo errado. Já que o que diferencia o remédio do veneno é a dose”.

Entre informações difíceis que poderiam se tornar comum estão hiportermia (temperatura baixa), cefaléia (dor de cabeça), antiemético (remédio para vômito), entre outros.

A partir de agora as bulas serão disponibilizadas numa linguagem mais técnica para médicos e profissionais de saúde, e outra em texto mais simples, com informações mais didáticas voltada aos pacientes.

A bula do paciente continuará dentro da caixa do remédio, enquanto a outra será eletrônica, disponível no site de Anvisa.

Consumidores aprovam medida


“Essa medida demorou muito para sair. Tenho muita dificuldade em ler a bula, até comprei uma lupa, e não é brincadeira não. O mínimo que eles podem fazer é aumentar o tamanho da letra. Com relação ao conteúdo não tenho muita dificuldade. Tem algumas palavras que são mais conhecidas e assim vamos dando um jeito”

Doralício Gonçalves Pereira, aposentado

“Olha, se eu já tenho dificuldade, imagine as pessoas idosas. Eu nem leio a bula, acho uma tortura aquelas letrinhas. Finalmente vão tomar uma providência. Mas não é só a bula que deve mudar. Esses dias levei um remédio errado para o meu filho porque na farmácia não conseguiram entender corretamente o que estava escrito. Isso precisa acabar, as informações devem ser mais claras para facilitar o acesso”.

Áurea Maria de Oliveira Rosa, vendedora