Maracaju
Costa Rica é destaque com projeto de combate às drogas
Um projeto e o envolvimento de toda a população em meio a um crescimento desenfreado da cidade Costa Rica, localizada na região do bolsão de Mato Grosso do Sul, fez com que hoje o município tenha sob controle o tráfico de drogas e a violência.
A descrição parece contraditória, mas retrata o sucesso do projeto ‘Costa Rica Sem Drogas’, de autoria do delegado de Polícia Civil, Cleverson Alves dos Santos, que há cerca de três anos convocou a comunidade local para lutar contra um dos problemas sociais que mais assombram as cidades de todo o país, o tráfico e uso de drogas.
Já no primeiro encontro as autoridades locais, representantes de entidades como Rotary Club e Maçonaria, além de lideranças locais, apoiaram o projeto piloto que prevê a prevenção e o combate às drogas em todas as cidades de Mato Grosso do Sul.
Segundo o delegado e idealizador do projeto, Cleverson Alves dos Santos, a intenção foi chamar a atenção da sociedade para um problema que já era realidade no município. “Desde a primeira reunião de cidadania, como chamamos os encontros, tentei expor um problema que amanhã poderia estar na casa de cada um deles”, falou em entrevista ao JPTL.
O projeto é norteado pelo tripé prevenção-recuperação-repressão, que segundo o delegado, é uma forma de atuar simultaneamente nas fases que compõem o ciclo do tráfico de drogas. “Trabalhamos nas escolas com orientação e também com a recuperação daqueles que já são dependentes químicos por meio de convênio com clínicas.
Já a repressão é a forma que encontramos para dificultar a venda de drogas na cidade”, explicou.
De acordo com Cleverson, hoje a polícia conta com um grupo tático especial que atua unicamente na repressão do tráfico de drogas em Costa Rica. “Monitoramos toda a articulação daqueles que hoje tentam comercializar drogas aqui, e dessa forma conseguimos impedir na maioria dos casos que eles se organizem e realizem a venda”, contou.
As estatísticas são impressionantes. Além de reduzir o índice de tráfico de drogas, o projeto registrou baixa no índice de usuários, que segundo informações do Conselho Tutelar de Costa Rica, nos últimos meses não houve o registro de novos dependentes químicos. “Hoje temos em tratamento apenas os usuários antigos”, lembrou o delegado.
O projeto contribui ainda para a redução da criminalidade no município. De acordo com o Cleverson, no ano de 2013 foi registrado em Costa Rica apenas uma ocorrência de roubo, enquanto nos anos anteriores se registrava até três. “Sabemos que as drogas, principalmente o crack, faz com que o usuários abandone seu emprego, a sua família, e com isso para sustentar o vicio acabam se envolvendo no mundo da criminalidade”, explicou.
Quanto aos furtos, que possuem maior incidência em municípios do interior, a redução também foi significativa. No último mês, foram registrados 11 furtos, enquanto que a média do ano anterior foi de 40 furtos por mês.Já no geral, em 2009, um ano antes da implantação do projeto, houveram cerca 2.200 registros de ocorrências em Costa Rica, já no último ano foram registradas 1.800, cerca de 400 ocorrências a menos.
O delegado lembra ainda que o projeto foi iniciado em um período de aumento populacional desenfreado no município de Costa Rica devido a chegada de uma Usina de Cana-de-açucar. “Sabemos a realidade de Costa Rica sem esse projeto seria muito diferente e entendemos que todas essas estatísticas refletem a eficácia do projeto aderido por toda a população, pelas autoridades locais e por todos aqueles reconhecem o tráfico de drogas como um problema social. Sozinho não é possível chegar a isso, é preciso o envolvimento de todos”, avaliou Cleverson.
Com os bons resultados obtidos, a intenção, segundo o delegado, é que o projeto seja implantado em todos os municípios do Estado. Essa nova fase já teve início com ciclo de palestras de apresentação do projeto realizadas em Chapadão do sul, Três Lagoas e Mineiros e Chapadão do Céu, no estado de Goiás. A execução do projeto acontece por meio do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas (Comad), o que é necessário em todos os municípios que desejam aderir o projeto Mato Grosso do Sul Sem Drogas, uma vez que, segundo o delegado, promove o envolvimento das lideranças locais e também permite o recebimento de recursos no âmbito municipal, estadual e federal.
De acordo com Cleverson, as atividades do projeto como palestras nas escolas e blitz de adesivagem e planfetagem devem ser retomadas no próximo mês. “Já fechamos com a Secretaria de Educaçãoa realização de uma gincana cultura e também vamos aproveitar a onda dos ‘rolezinhos’ e fazer no mês de Abril o “Rolezinho Contra as Drogas”, acrescentou.
Bom exemplo
O projeto Costa Rica Sem Drogas trouxe para o município a visita dos ‘Caçadores de Bons Exemplos’, que aconteceu no mês de janeiro. O casal, que percorre todo o país em busca de ações lideradas por pessoas voluntários que visam o bem comum, teve conhecimento do projeto enquanto passavam pelo estado de Goiás e não perderam a oportunidade conhecer um pouco mais.
O casal foi recebido pelo delegado. “Foi muito bacana recebe-los aqui, não sei muito bem como souberam, mas falei dos bons resultados que estamos colhendo e dos desafios que ainda temos para levar o projeto para outras cidades”, comentou Cleverson.
Com a visita, o projeto foi destaque no blog do casal que pode ser acessado no endereço www.cacadoresdebonsexemplos.com.br/blog/costa-rica-sem-violencia/.
Ao final da postagem com informações sobre o projeto os caçadores de bons exemplos comentaram: “É evidente que está longe de resolver o problema da violência e das drogas, mas reduzir drasticamente estes números, usando apenas a boa vontade de cada um… é incrível. Atitude simples, de baixo custo, colaborativa e principalmente eficaz”.