
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de Mato Grosso do Sul vive um momento de reavaliação política diante das articulações nacionais e da proximidade das eleições de 2026. Durante entrevista concedida ao RCN Notícias nesta semana, em Três Lagoas, o deputado estadual Júnior Mochi afirmou que o partido não terá candidato próprio ao governo do Estado e que manterá a aliança com o atual governador Eduardo Riedel (PP), consolidando o apoio iniciado após o último pleito.
Segundo o parlamentar, a decisão foi tomada ainda em 2022, logo após o encerramento das eleições, quando dirigentes do MDB e do PSDB definiram uma parceria política de longo prazo. “Nós firmamos um compromisso de estar juntos no apoio às ações do governo e, consequentemente, na reeleição do governador Eduardo Riedel. Essa parceria foi construída com clareza e deve ser mantida, porque política é construção permanente, uma relação de confiança”, destacou Mochi.
Dilemas internos
Apesar da estabilidade no apoio estadual, o MDB Sul-mato-grossense enfrenta uma nova tensão interna com a possibilidade de Simone Tebet (MDB), ministra do Orçamento e Planejamento e ex-candidata à Presidência, disputar o Senado pelo Estado com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para Júnior Mochi, o cenário gera desconforto dentro do partido por causa da aliança histórica do MDB em Mato Grosso do Sul com a centro-direita. “A Simone tem dito que será candidata a pedido do presidente Lula, o que é legítimo, mas isso cria uma dificuldade política para nós, que temos compromisso com o governo estadual e com o ex-governador Reinaldo Azambuja (PL), pré-candidato ao Senado. É uma situação delicada, porque não dá para ter dois palanques diferentes dentro da mesma base”, avaliou.
O deputado ressaltou que, embora respeite a posição da ministra, a decisão pode gerar um redesenho partidário. “Eu estou há 44 anos no MDB e não gostaria de sair, mas se a orientação nacional for apoiar um projeto que conflita com o nosso compromisso no Estado, teremos de reavaliar. Política exige coerência. A população quer posicionamento claro, e não há mais espaço para dubiedade”, disse.
Composição
Mochi também analisou o cenário eleitoral que se forma em torno da chapa majoritária de Riedel, citando partidos como PP, PL, União Brasil, PSD, Republicanos, PSDB e o próprio MDB como forças que podem compor o arco de alianças. Ele reconhece que o MDB tem interesse em participar da chapa, seja indicando um nome para o Senado e para o cargo de vice. “É natural que o MDB queira estar representado na chapa majoritária. Mas tudo vai depender de como as candidaturas ao Senado serão definidas. Se a Simone Tebet confirmar sua candidatura por Mato Grosso do Sul, o MDB precisará decidir se ela será o nome do partido ou se buscaremos uma nova composição”, afirmou o parlamentar.
Nos últimos meses, tem sido cogitada a possibilidade de Tebet disputar a vaga ao Senado pelo estado de São Paulo. A ministra, no entanto, diz que continuará com o domicilio eleitoral em Mato Grosso do Sul.
Durante a entrevista, Júnior Mochi esteve acompanhado da vereadora Evalda Reis (MDB) e cumpriu agenda política em Três Lagoas. O deputado destacou a parceria com a vereadora e o trabalho conjunto em defesa das demandas do município, especialmente nas áreas de saúde e assistência social.