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Terceirizadas do Consórcio UFN3 têm R$ 7,7 mi a receber

Locadoras de materiais pesados estão sem receber desde dezembro e ameaçam parar

Empresas informaram que, se não receberem, vão suspender os serviços no canteiro de obras -
Empresas informaram que, se não receberem, vão suspender os serviços no canteiro de obras -

 Empresas do ramo de locação de maquinário pesado, que prestam serviços na construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), da Petrobras, ameaçam suspender os trabalhos caso o Consórcio UFN-III, responsável pela obra, não efetue o pagamento dos meses atrasados. 

De acordo com Sérgio Fenelon, presidente da Associação das Empresas Locadoras de Equipamentos Pesados de Mato Grosso do Sul (Alep-MS), que está à frente das negociações, as empresas que prestam serviços no canteiro de obras estão sem receber desde dezembro do ano passado, situação classificada por ele como ‘insustentável’. 
As empresas Fretão, Gigante Rental, TGL Pesados, A Geradora e TukaRental, , locadoras de maquinários pesados, juntas, acumulam R$ 7,7 milhões a receber, uma média de R$ 1,6 milhão acumulado ao mês. 
Fenelon explica que atrasos sempre ocorreram, de 15 a 30 dias após a emissão da nota. No entanto, a situação se agravou a partir de janeiro, quando o Consórcio deixou de sinalizar futuros pagamentos. “Nesse ramo, trabalha-se da seguinte forma: a empresa trabalha durante 30 dias, depois faz a medição, que é a aferição da produção, e gera a fatura para que seja paga. Com isso, a contratante ganha em torno de 60 dias. Dependendo há alguns atrasos, de 15 a 30 dias. Mas, desde dezembro, referente ao serviço prestado em novembro, não estamos recebendo. Com isso, no dia 15 de janeiro, foi aceso o farol amarelo. Em 15 de fevereiro, o vermelho e agora estamos a ponto de paralisar os nossos serviços”, disparou.
O presidente da Associação informou que, nesta segunda-feira, o grupo de empresários esteve em Três Lagoas para conversar com os representantes das empresas que compõem o Consórcio, mas não houve grandes avanços.
“Eles nos informam que a Petrobras não estaria repassando o recurso. No entanto, uma das empresas que compõem o Consórcio possui mais de dois mil protestos em todo o Brasil. Além disso, conversamos com empresas de outros estados, Bahia e São Paulo, que também atendem a essas empresas e elas estão na mesma situação”. 
O empresário, que também possui maquinários no canteiro de obras da fábrica de fertilizantes cobrou ainda um posicionamento da estatal. De acordo com ele, vários contatos foram feitos através da ouvidoria da Petrobras, mas nenhum retorno foi obtidol. “A Petrobras precisa se pronunciar. Se não está pagando, precisa dizer. Se está repassando o recurso e o Consórcio não está honrando os compromissos, ela tem que ver o que está acontecendo. O que não pode é uma obra deste porte, com mais de R$ 3,5 bilhões em investimentos e com essa importância para o país sofrer atrasos no cronograma”, disparou.
Fenelon afirma, porém, que a empresa dele também atende à outra obra da estatal, no Rio de Janeiro, e que esta está com todos os pagamentos em dia. “Não imagino que a estatal, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, iria iniciar uma obra desse porte  [da UFN-III] sem recurso em caixa. Se realmente não tiver, até entendo, em parte, a situação do Consórcio. Embora, acredito que eles deveriam ter paralisado a obra ou, se queriam continuar, ter capacidade [financeira] para honrar com os seus compromissos”. 
IMPACTO
Sérgio Fenelon informou que os atrasos estão gerando um efeito cascata nas contas das prestadoras de serviço. Em muitos casos, os empresários estão tendo que contrair empréstimos para honrar os compromissos. “Teve um empresário que, para conseguir pagar os dois caminhões financiados, hipotecou a própria casa”, completou. Hoje, apenas as cinco empresas empregam em torno de 200 trabalhadores. “O impacto atinge ainda o Estado e o Município, uma vez que os empresários poderão deixar de recolher seus impostos. Só Três Lagoas, está deixando de recolher 0,5% desse valor em ISS, agora faça as contas dessa porcentagem sobre o montante de R$ 8 milhões. Com o dinheiro dos outros fica fácil construir grandes obras”, disparou.
Caso não haja acordo, as empresas citadas deverão ‘entrar em greve’. “Não estamos pedindo reajuste ou nada a mais. Só o que é justo. Trabalhamos. O serviço foi feito”, completou.Juntas, elas correspondem a 90% do setor que hoje atua no canteiro de obras.