
Enquanto que no restante do Brasil, os índices de autuações por embriaguez ao volante reduziu em cerca de 45% desde a implantação da Lei Seca, segundo dados do Ministério da Saúde, em Três Lagoas o índice aumentou em mais de 10% nos últimos 12 meses.
O percentual é baseado nos dados da Polícia Rodoviária Federal, divulgados ontem, De acordo com a Delegacia da PRF em Três Lagoas, de janeiro até o dia 6 de outubro, 242 condutores foram autuados nas rodovias federais que cortam o município, sendo 190 casos na BR-262 e 52 na BR-158.
Antes mesmo de encerrar o ano, o levantamento aponta 22 casos a mais comparado ao ano passado. Em 2013, foram 220 autuações por embriaguez ao volante nas rodovias federais. Já somados os últimos cinco anos, o volume de multas aplicadas ultrapassa 1,1 mil infrações.
Neste ano, 63 pessoas foram autuadas em flagrante por embriaguez ao volante. Estes são casos em que o teor alcoólico supera o previsto para multa administrativa e recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e passa a configurar crime. O mês recordista em prisões foi o de agosto, com 28 prisões em flagrante ao todo.
Para o inspetor Luiz Carlos Gratão, chefe da delegacia local, os números mostram que, o condutor que passa pelas rodovias federais que cortam o município ainda não se conscientizou sobre os riscos da embriaguez ao volante. “É um número muito alto, que demonstra que o condutor ainda não tem consciência”, destacou.
Essa falta de consciência é diagnosticada em outra estatística grave: a de acidentes de trânsito. Conforme a PRF, apenas neste ano, 15 acidentes envolvendo condutores embriagados foram registrados nas rodovias federais. Deste total, um acidente resultou em morte. “Este foi o caso em que a embriaguez de um dos condutores foi constatada pela PRF pelo bafômetro. No entanto, existem outros casos em que o condutor foge do local do acidente ou até mesmo a vítima é que estava embriagada, em que são repassados para a Polícia Judiciária [Polícia Civil] investigar”.
De 2009 até outubro deste ano, foram 113 acidentes de trânsito apenas em Três Lagoas. O ano com maior número de acidentes causados por condutores embriagados foi o de 2011, 28 casos registrados pela PRF ao todo.
RECUSA
Para a PRF, ainda é alto também o índice de recusa dos motoristas na hora de fazer o teste do etilômetro (bafômetro). De acordo com Gratão, essa resistência por parte dos condutores reduziu comparado aos anos anteriores, mais ainda correspondem a uma média de 30% dos casos atendidos. “Não tenho em mãos um levantamento específico, mas pelo que acompanhamos no dia-dia, a cada dez casos de embriaguez atendido pela PRF, ao menos três se recusam a fazer o teste”, destacou o inspetor.
O caso mais recente foi registrado na madrugada de ontem. Por volta das 2h55 desta sexta, a PRF abordou um veículo Fiat Palio no km 267 da BR-158. O carro era conduzido por um homem de 52 anos com visíveis sinais de embriaguez (olhos vermelhos, exaltação, fala alterada etc), mas que se recusou a fazer o teste do bafômetro. No carro, os policiais rodoviários federais encontraram três garrafas longneck de cerveja. O motorista, que não tinha CNH, chegou a ameaçar a equipe da PRF. Em decorrência disso, os policiais lavraram um termo de constatação de sinais de alteração da capacidade psicomotora e o condutor foi encaminhado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac).
A recusa, no entanto, pode trazer ainda mais problemas ao condutor. Desde 2012, entrou em vigor nova lei que determina, como prova, também fotos, vídeos e o depoimento dos policiais. “Se o motorista se recusar a fazer o bafômetro e o policial rodoviário federal perceber que ele apresenta sinais de embriaguez, ele será preso e encaminhado para a Polícia Civil. Ou seja, acaba sendo mais arriscado para o motorista, uma vez que, dependendo do resultado do etilômetro ele receberia somente a multa e teria a CNH recolhida, não responderia a crimes”, destacou.