“Eu poderia dizer que a minha família não era estruturada, que eu tive alguma necessidade que não foi suprida, ou ainda que passei por algum trauma na infância. Nada disso seria verdade. Entrei no mundo das drogas por curiosidade”, assim Josilene resumiu o motivo de um dos maiores arrependimentos.
Aos 13 anos, Josilene entrou para um mundo, muitas vezes considerado por ela, sem volta. A primeira vez que usou maconha tinha 13 anos, depois passou para o crack e cocaína. O problema começou aos 11 anos, quando pela primeira vez experimentou cigarro, um ano depois, começou a beber.
Em um ano e oito meses, Josilene que agora tem 18 anos viu a vida se transformar novamente, mas dessa vez de maneira positiva. “Decidi ficar na obra e desde que cheguei aqui tudo mudou. Como fizeram por mim, quero fazer pelas pessoas que estão aqui. Eu amadureci. Meus pensamentos mudaram, não quero mais essa vida de drogas que só me destruiu”.
“Eu roubava para comprar drogas. Comecei dentro da minha casa, depois eu roubava as pessoas. Quantas vezes a polícia já correu atrás de mim. Até fio de cobre eu roubei. Andava com traficante, gente do meio, o tempo todo eu estava na casa das pessoas, tinha dia que nem ia pra casa”.
Na época ela morava em Presidente Epitácio, o grupo com quem ela andava era formado por 15 pessoas. “Alguns foram presos, outros morreram e outros assim como eu conseguiram sair. Se eu pudesse dar um conselho as pessoas que pensam em experimentar, eu diria para que elas ouvissem os pais, o que eles dizem, ser obediente. As amizades acabam num estalar de dedos, quando você fica sem dinheiro e sem drogas, eles desaparecem”.
As experiências que viveu na casa enquanto aluna fizeram com que ela visse a vida de maneira diferente. “Depois que entrei aqui vi que a minha história não era a pior do mundo, que eu não tinha perdido tanto quanto algumas outras pessoas. Teve gente que perdeu até filho. Eu, eu perdi um tempo que não vai voltar. Perdi toda minha adolescência, não vivi, simplesmente vegetei”.
A mudança de conduta e comportamento transformaram Josilene em outra pessoa. “Hoje vejo o quanto posso ser feliz e realizada. A minha história não é a mais terrível do mundo. Eu perdi cinco anos, mas não perdi a vida. Eu estava me matando todos os dias, com as minhas próprias mãos. A sensação era horrível eu sabia que se alguém não me ajudasse eu com certeza morreria.
Precisei pedir ajuda para sair. Ninguém sai desse mundo sozinho, eu cheguei no meu limite. Fui muitas vezes humilhada, a indiferença das pessoas me machucava, eu via que elas me viam como um animal, como qualquer coisa, menos como pessoa, e isso me corroia”.