“Eu sei o que é sofrimento. Sei o que é passar fome, necessidade e não ter oportunidade. Com 13 anos comecei a usar drogas. Vim de uma família desestruturada onde minha mãe era alcoólatra, meu pai adúltero. Cresci no gueto de São Paulo, a única oportunidade que eu tive era de ser bandido. Só em Três Lagoas tive a oportunidade de me recuperar”.
Este é o resumo do drama da vida de Marcelo Filomeno Pena, 38 anos, que venceu a batalha contra drogas. De bandido passou a ser coordenador do Desafio Jovem Peniel. Ele veio a Três Lagoas fugindo das más companhias e das drogas. “Cheguei em agosto de 1996. Eu roubava, traficava e era usuário. Nunca fui preso, mas só Deus sabe o quanto já apanhei de polícia nessa minha vida. Vim para cá fugindo de tudo. O problema é que se agente não quiser, não sai mesmo desse mundo. Não adianta fugir do problema, é necessário que você queira sair dele”, enfatiza.
Marcelo comenta que não adianta mudar, “as pessoas pensam que mudar de lugar resolve o problema, mas aonde quer que você vá, sempre vai sentir que falta algo e esse algo é Deus. Vim para cá, fiquei um tempo sem, mas depois eu voltei a usar drogas”.
Em 1998 Marcelo foi internado no Desafio. Quem ofereceu ajuda foi uma prima dele, que frequenta a igreja. “Uma prima me perguntou se eu queria ajuda, se queria ser internado e eu disse que sim. Nessa vida dei tanto tiro em crente e hoje estou ai pregando nas bocadas”, diz.
VOLTA POR CIMA
Conselheiro tutelar por duas vezes consecutivas, Marcelo, diz que a volta por cima começou quando foi eleito a primeira vez como conselheiro. “Eu convivia diariamente com promotores, pessoas formadas, que tinham estudos e sonhos. Baseados nos conselhos deles comecei a desenvolver a minha vida. Comecei a ler, pesquisar e estudar. Foi assim que me formei em pedagogia e hoje sou pós-graduado psico-pedagogia”.
Ele conta que a vida foi restaurada, mas financeiramente sempre fui frustrado. “Eu dava palestras na Unei, nas escolas, sentia alegria, mas muitas vezes sentia que faltava alguma coisa. Me sentia frustrado por não ter dinheiro, não conseguir comprar nada. Foi quando Deus me mostrou o caminho, e hoje sou realizado cuidando da casa e desses jovens, a vitória deles é a minha vitória. Hoje, depois que aceitei me dedicar integralmente ao Desafio vejo a minha vida de outra maneira, é uma paz quando eu chego em casa”.