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Decisão

OAB de Três Lagoas registra mais de 100 denúncias contra golpe do falso advogado

Justiça Federal determina que operadoras criem canal para bloqueio em 24 horas de linhas usadas por golpistas

Presidente da OAB de Três Lagoas, Thiago Martinho, concedeu entrevista ao programa no RCN Notícias. Foto: Antônio Luiz/RCN 67.
Presidente da OAB de Três Lagoas, Thiago Martinho, concedeu entrevista ao programa no RCN Notícias. Foto: Antônio Luiz/RCN 67.

A Justiça Federal atendeu em parte ação civil pública movida pela Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS) e determinou que as companhias telefônicas criem um canal específico para o bloqueio imediato de números usados em golpes que se passam por advogados. A medida prevê o bloqueio em até 24 horas após comunicação formal, passo considerado fundamental pela OAB para reduzir danos às vítimas e à própria advocacia.

Em Três Lagoas, a segunda subseção da OAB vem recebendo denúncias em ritmo crescente. Segundo a entidade, já são mais de 100 registros de casos em que golpistas se passaram por profissionais, usaram fotos e dados falsos e chegaram a apresentar supostas decisões ou números de processo para enganar clientes. Há relatos de prejuízos que superam valores elevados.

O presidente da subseção de Três Lagoas, Thiago Vinícius Martinho, disse, em entrevista ao RCN Notícias, que a ação foi necessária porque as denúncias eram constantes e as ferramentas internas da OAB, embora úteis, não eram suficientes para conter a prática. “Nos nossos grupos de WhatsApp não passa uma semana sem que um advogado relate alguém se passando por ele”, afirmou. Para Thiago, o bloqueio rápido das linhas é um primeiro passo para reduzir as oportunidades dos criminosos.

Como funciona o golpe
De acordo com a OAB, o golpe costuma começar com o golpista utilizando foto e documentos de um advogado reais, postados em redes sociais ou veículos de comunicação. Em seguida, ele entra em contato com o cliente via WhatsApp apresentando-se como o profissional. Em muitos casos o fraudador aponta número de processo e fornece documentos falsificados, e em situações mais sofisticadas chegou até a utilizar áudios gerados por inteligência artificial para imitar a voz do advogado.

O método tem escolhido vítimas vulneráveis, em especial, idosos. O golpista exige depósitos por Pix ou transferência para “guias” e solicita valores supostamente necessários para liberação de alvarás ou quantias a receber. Em Três Lagoas há registros de pessoas que efetuaram pagamentos acreditando tratar-se de procedimento legítimo.

Dicas para evitar o golpe
A OAB orienta a população a adotar medidas simples para se proteger: Verificar se o número que entrou em contato é o mesmo que consta na agenda do seu advogado ou no cartão do escritório. Desconfiar quando o número for diferente e houver pedido imediato de pagamento por Pix ou transferência. Lembrar que não existe taxa para liberação de alvará a ser recolhida diretamente a um advogado via WhatsApp. Conferir a veracidade de boletos e guias antes de efetuar pagamentos. Procurar imediatamente a OAB ou o próprio escritório do advogado caso haja dúvida.

Recuperação é difícil
Martinho explicou que, mesmo quando a vítima registra a ocorrência, recuperar o dinheiro costuma ser complicado. Os golpistas pulverizam valores por várias contas e usam mecanismos para dificultar o rastreamento. Por isso, o foco das autoridades e da OAB tem sido a prevenção e a redução das oportunidades por meio do bloqueio rápido de números.

Próximos passos
A decisão da Justiça Federal que exige das operadoras um canal para bloqueio em 24 horas é vista como um avanço por dirigentes da OAB, mas não como solução definitiva. Segundo Thiago Martinho, a investigação dos autores segue sendo atribuição das polícias e, em muitos casos, a coordenação interestadual e o uso de inteligência são necessários, pois os golpes costumam transcender fronteiras estaduais.

A OAB de Três Lagoas reforça que continuará divulgando orientações e recebendo denúncias por meio do canal criado pela entidade. Enquanto isso, a recomendação é de cautela extrema: confirme contatos, não faça pagamentos sem comprovar a legitimidade e procure ajuda antes de transferir qualquer valor.