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Três Lagoas

Metade dos médicos de MS está concentrada na capital

Estudo mostra que Estado conta com 1,15 cadastrados a cada grupo de mil habitantes

Questão salarial é a que mais dificulta a vinda de médicos para Três Lagoas -
Questão salarial é a que mais dificulta a vinda de médicos para Três Lagoas -

O estudo Demografia Médica no Brasil 2, divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (PFM), nesta semana, apontou que metade dos médicos de Mato Grosso do Sul estão concentrados em Campo Grande.

Conforme a pesquisa, que leva em consideração dados dos ministérios da Saúde e do Trabalho no ano passado, Mato Grosso do Sul ocupava a 10ª posição entre os estados brasileiros com melhor distribuição de profissionais registrados. Naquele ano, a incidência foi de 1,69 médico a cada grupo de mil habitantes, ou seja, 4.238 médicos para os 2,5 milhões de habitantes.


Entretanto, essa razão cai consideravelmente no quesito de médicos cadastrados no Ministério do Trabalho (que estão trabalhando) e ainda mais quando se trata de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ficando, em ambos os casos, abaixo da média nacional. 


Na mesma pesquisa, Mato Grosso do Sul tinha 2.869 profissionais cadastrados, o que equivale a uma razão de 1,15 profissional para cada mil pessoas. No Brasil, a razão é de 1,41 (274 mil médicos cadastrados para 193,8 milhões de pessoas). A proporção de médico por habitante reduz-se ainda mais quando se trata de atendimento pela rede pública de saúde. No Estado, 2.715 médicos atentem pela rede pública, o que equivale a uma razão de 1,08. No País, a razão é de 1,11 profissional para cada mil habitantes.


MÁ DISTRIBUIÇÃO
O estudo, segundo realizado para debater a má distribuição dos médicos no Brasil, aponta que também mais da metade dos médicos do Estado estão concentrados em Campo Grande. Atualmente, a capital conta com 2.504 médicos registrados e 1.578 cadastrados, o que equivale a razão de 3,14 e 1,98 médicos para cada grupo de mil habitantes. Nos dois casos, a proporção médico/habitante é praticamente o dobro em comparação à média estadual.


LÍDERES
O Distrito Federal (DF) lidera o ranking estadual com 4,09 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (3,62), São Paulo (2,64) e pelo Rio Grande do Sul (2,37).


QUALIDADE
Para o presidente da Associação Médica de Três Lagoas, Antônio João Campos de Carvalho, essa discrepância entre capital e interior deve-se principalmente a três fatores: qualidade de vida, qualidade de trabalho e questão salarial. “O interior dá pouco aporte técnico para que o médico possa desenvolver um bom trabalho. Além disso, ainda há pouco incentivo salarial. Em muitos casos, o cidadão não tem qualidade de vida, não dispõe de suporte para o trabalho e ainda ganha muito mal”.


Entretanto, no caso específico de Três Lagoas, é a questão salarial a que mais pesa. Segundo o médico, a qualidade de vida do três-lagoense tem melhorado, assim como o suporte para o trabalho dos médicos, classificado por Antônio João como “razoável para bom”. “É a questão salarial que mais pesa. Tanto que temos a UPA, que ainda não foi inaugurada por falta de médicos”.


A Unidade de Pronto Atendimento 24h é um dos exemplos mais graves da dificuldade em atrair médicos para o município. A unidade de atendimento está pronta há mais de um ano, mas não chegou a entrar em funcionamento por falta de médicos. Entre as especialidades médicas em que há mais carência, está a pediatria. Ao todo, a unidade precisa de 24 médicos.


“A reclamação que mais ouço dos meus colegas é referente aos salários pagos para especialistas no município. Está muito abaixo do estado de São Paulo, por exemplo. Além disso, outra reclamação são os contratos diferenciados para cada profissional. Isso gera insatisfação”, lembrou Antônio João.
Atualmente, Três Lagoas possui em torno de 110 médicos atuando, o que equivale a uma média de 1,04 médico para cada grupo de mil habitantes.

Confira a matéria completa na edição Nº 5.139, de 22 de fevereiro do Jornal do Povo.