Considerado o cartão postal da Cidade, a Lagoa Maior é assunto constante de polêmicas e discussões entre a população. Mais do que um local onde existem ligações de esgotos clandestinos ela é também um local de contemplação e diversão, de esporte e lazer.
Muitos frequentadores reclamam da conservação e da segurança em toda a orla da Lagoa Maior. Não é apenas do ponto de vista estético que eles tecem críticas, a questão vai além, e pesa pelo lado da boa educação do três-lagoense.
O lixo que compõe o cenário da lagoa depois de uma final de semana é o reflexo do descaso de boa parte da população. Para o secretário de Meio Ambiente, Cristóvam Lages Canela, o número de lixeiras é suficiente para atender a demanda. “Não é uma questão estrutural, é uma questão de educação. As lixeiras são suficientes, há muitas ao redor da lagoa. O problema é que a maioria dos adultos é resistente a mudanças de comportamento. Eles não aguentam segurar e carregar um papel, por exemplo, por alguns minutos. Soltam onde está mesmo. Só as crianças podem mudar esse perfil, e é por isso que trabalhamos a educação ambiental nas escolas. É a oportunidade que temos de trabalhar e gerar mudanças. Temos que começar pela base”, comentou.
Embora o secretário defenda a posição de estrutura suficiente, o morador do Interlagos há 25 anos, agente de saúde púbica, Marcos Antônio Batista Teixeira, reside a70 metros da Lagoa Maior e diz que o problema com o lixo é constante. “As lixeira são poucas e espaçadas. A lagoa não está mais suja porque todos os dias duas mulheres recolhem parte do lixo, mas sujeiras pequenas, como tampinhas, canudinhos e papéis de bala permanecem no local. Eu sempre que posso recolho alguma coisa. Nestes dias mesmo, vi duas garrafas pet jogadas próximo às lixeiras. As pessoas não tiveram a capacidade de colocá-las no devido lugar. Eles tomam tereré e jogam a erva na grama. Falta estrutura e educação”, lamentou.
SEGURANÇA
Além da conservação ambiental da Lagoa Maior, outro assunto discutido pelos freqüentadores é a segurança do local. A vendedora, Priscila Silva, 20 anos, passa duas vezes por dia pela orla da lagoa. “Eu me sinto insegura andando aqui durante a noite. Quando volto do trabalho o medo é constante. Muitos homens, desocupados, ficam embaixo das árvores. Já vi gente tentando roubar máquinas digitais das pessoas. Estamos no cartão postal da Cidade.
Precisamos de mais segurança. No dia do apagão eu estava passando por aqui. A sensação foi horrível. Pedi licença a um casal para que eu pudesse acompanhá-los. Ficamos parados com medo de que algo de ruim acontecesse. Qualquer horário em que passarem aqui as pessoas vão ver do que se trata”, disse, sem querer entrar em detalhes.
O problema a que Priscila se refere é o uso costumeiro de drogas.Segundo ela, é grande e constante a movimentação de usuários de drogas na orla da Lagoa Maior.
Marcos Antônio também confirma a versão apresentada. “Na lagoa, é possível encontrar de tudo. À noite, mesmo com a Polícia por perto, muitas pessoas se concentram lá para usar drogas. É uma concentração de pessoas estranhas”, alertou.
O casal, Cosme Mengual e Kelly Cristiano Rodrigues diz que o desrespeito impera ao redor da Lagoa durante o dia. De acordo com eles, a invasão das bicicletas na pista de caminhada acontece com frequência. “A gente não pode nem ficar à vontade. As pessoas não respeitam as leis. Muitos invadem a pista e é a gente que acaba pagando. É desconfortável para todo mundo. No domingo a gente gosta de vir aqui, mas na segunda-feira fica tudo sujo”, comentou o casal.
Teixeira também falou da necessidade de placas que auxiliem o visitante. “Assim como tem placas alertando para a pesca, o ideal seria alertar também com placa falando sobre o lixo, proteção à natureza, entre outras orientações”, observaram.
VANDALISMO
A questão do vandalismo é algo presente em várias partes da Cidade. A pichação, a falta de cuidados com os aparelhos da acadêmia refletem a realidade. Canela lembra que o vandalismo se repete dia a dia, e não apenas na região da lagoa. “Plantamos 280 mudas em torno do Quartel do Exército, a grande maioria ypês. Um terço dessas mudas já teve que ser replantada, estamos repondo direto. A lagoa faz parte do descaso de parte da população que não valoriza as ações e pensa apenas em depredar o patrimônio público”, comentou.
Durante entrevista, o secretário disse que a Cidade pode ser considerada uma das cidades mais bem estruturadas na questão ambiental. “São pouquíssimas cidades no Brasil que possuem aterro sanitário. Nós temos projetos de reciclagem de pilhas, baterias, lâmpadas e pneus. Temos mudas sendo distribuídas, recolhimento de embalagens. As pessoas não conhecem outra realidade. Em um Congresso que eu fui, um secretário do Pará disse que por conta da arquitetura da cidade, ruas estreitas, o caminhão de lixo não conseguia passar, e por isso as pessoas jogavam as sacolinhas no canal do rio”, contou.
INVESTIMENTOS
De acordo com o secretário de Obras, Getúlio Neves, a revitalização da Lagoa Maior vem acontecendo gradativamente. Segundo ele, o projeto Circuito das Lagoas, que visa a reurbanização, por meio de uma compensação ambiental, está com três projetos prontos: pista de saúde, iluminação, e parquinho.
“A praça está sendo construída e deve ficar pronta em um mês. Segundo Getúlio, o teatro de Arena, apresentado no projeto não será feito imediatamente. A pista de skate deve ser refeita e o centro poliesportivo deve ficar pronto em no máximo oito meses. A previsão é de que seja inaugurado em julho”.
O valor destinado às obras realizadas na Lagoa Maior somam o montante de investimentos em mais de R$ 5 milhões. “As atuais quadras da Sejuvel [Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer] serão demolidas e darão espaço a uma área de convivência. Optamos por uma pavimentação ecologicamente correta, incluindo a drenagem”, explicou.