Cerca de 720 alunos do vespertino da escola estadual Bom Jesus, em Três Lagoas, estão sem merenda escolar. O problema surgiu no início do segundo semestre de 2012 e se arrasta até hoje. Inicialmente, a direção tomou medidas paliativas, como remanejar funcionários de outros setores e dobrar o horário do merendeiro que trabalha à noite, mas nada disso resolveu a situação.
De acordo com a diretora do colégio, Ângela Maria Jorge, a falta de merenda é resultado da ausência de mão de obra. Das três merendeiras, uma para cada turno, no momento só o período noturno conta com um profissional. Já os períodos da manhã e tarde estão sem merendeira. Ambas estão com problemas de saúde. Porém, segundo a diretora, no ano passado a Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul (SED) foi comunicada via ofício sobre a situação.
Enquanto aguardava uma posição da SED, a direção, em parceria com o Colegiado Escolar, buscou alternativas para atender os estudantes. Uma delas foi contar com o trabalho dobrado do merendeiro do período noturno, sem que o funcionário tivesse qualquer acréscimo no salário. A outra foi disponibilizar funcionários de outros setores para organizar o lanche dos alunos. “Mas, na verdade, os profissionais cansaram de trabalhar em dobro”, explicou a diretora.
Conforme Ângela, é direito do aluno contar com a merenda escolar. “A maioria da nossa clientela é carente e necessita desse lanche no intervalo das aulas”, pontuou. E continuou: “O Estado repassa anualmente para escola R$ 57 mil, divididos em duas parcelas de R$ 28,5 mil, por semestre, para ser investido na merenda. Nosso problema não é verba, é recurso humano, por isso precisamos de duas merendeiras”, disse.
A aluna do 2º ano do Ensino Médio, Lais Meira, líder de sala, conta que os estudantes reclamam que estão com fome. Muitos contam com a merenda escolar para se alimentar. “O pior de tudo é que o Estado não faz nada por nós”, desabafou.
Inconformada diante dessa problemática e preocupada com a “barriga vazia” dos estudantes, a diretora informa que a lei 4.135/2011 dá respaldo para o Estado contratar funcionário em caráter emergencial. Mas, mesmo assim, até o momento nenhuma posição foi tomada pelo SED.
A assessoria de comunicação da SED informou que o órgão chamou candidatos aprovados no concurso, mas as pessoas não quiseram assumir. Por isso, a instituição está realizando processo de licitação para terceirizar merendeiras para a escola Bom Jesus e também para outros colégios do Estado na mesma conjuntura. A assessoria não soube precisar o tempo que leva para terceirizar o setor, mas acredita que deve levar em torno de 45 dias. Entretanto, para solucionar a questão de imediato, tenta medidas paliativas rápidas, porém tais alternativas não foram divulgadas.