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Três Lagoas

R$ 33 milhões continuam parados na conta do Imasul

Prefeitura anda não manifestou interesse em ter os recursos compensatórios aplicados na cidade

Parte dos recursos poderiam ser aplicados em áreas de proteção do município -
Parte dos recursos poderiam ser aplicados em áreas de proteção do município -

Os recursos compensatórios no valor de aproximadamente R$ 33 milhões referentes à compensação ambiental devido à instalação da fábrica de celulose Eldorado Brasil e a de fertilizantes da Petrobras no município continuam parados e rendendo juros na conta do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

Segundo o órgão, a Câmara de Compensação Ambiental do Imasul ainda não se reuniu para decidir onde o valor seria investido. Apesar de o impacto ambiental ser em Três Lagoas, onde, em tese, o recurso deveria ser aplicado em razão de ser o município impactado por conta dos empreendimentos, a legislação não exige que o valor seja investido na cidade.

A legislação federal diz que, prioritariamente, os recursos devem ser aplicados no município impactado pelo empreendimento instalado, mas nada impede que outras cidades recebam o valor, já que é uma verba carimbada para unidades de conservação integral. Contudo, segundo o Imasul, a Prefeitura ainda não manifestou interesse e nem apresentou projetos para que dinheiro seja investido em Três Lagoas.

De acordo com o instituto, a Câmara de Compensação Ambiental, composta por oito integrantes do órgão, é quem analisa os locais que devem receber o investimento. No entanto, para isso, segundo o Imasul, é preciso haver manifestação por parte dos interessados e, até o momento, não existe nenhum projeto formalizado no órgão com essa finalidade por parte da Prefeitura de Três Lagoas.

O município já dispõe de duas unidades de conservação: o Parque do Pombo e a Reserva Biológica das Capivaras, que fica ao lado da termelétrica, da Petrobras. Além disso, a Primeira e a Segunda Lagoa também poderiam ser transformadas em unidades de conservação integral para receber esses investimentos. Segundo o Imasul, existe toda uma legislação a ser cumprida para o município ter direito de receber o valor.

O Jornal do Povo tentou falar com o secretário do Meio Ambiente, José Estevão, sobre esse assunto, mas o a ligação era sempre encaminhada para a caixa postal. A reportagem conversou também com o promotor do Meio Ambiente, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, o qual, por sua vez, disse que irá manifestar o interesse junto ao órgão para que o dinheiro seja aplicado na cidade. Apesar disso, ele entende que o valor deve ficar em Três Lagoas, já que o impacto causado pelos empreendimentos está aqui. "Nós ficamos com a chaminé e o Imasul com o dinheiro? Está errado isso”, frisou.

No final do ano passado, o Ministério Público entrou com uma ação na justiça contra o Estado, a qual foi acatada pela juíza local, bloqueando esses recursos. Na decisão, a magistrada alegou que haveria indícios de que o governo do Estado pretendia utilizar os recursos da compensação ambiental em finalidades diferentes daquelas que se relacionam à reparação do dano ambiental, ou até mesmo em outra localidade, o que configurava o perigo da demora com evidente prejuízo à fauna e flora de Três Lagoas, bem como à população, diretamente afetada com a instalação das fábricas de celulose e de fertilizantes.

Entretanto, segundo Antônio Carlos, o Estado entrou com medida judicial de agravo de instrumento contra a decisão da magistrada. De acordo com o promotor, a ação deveria ser impetrada contra o Imasul e não contra o Estado. Por esse motivo, ele informou que ajuizará uma nova ação, desta vez contra o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul.

Enquanto isso, os R$ 14,3 milhões, em recurso depositado pela Eldorado, e os R$ 19 milhões destinados pela Petrobras continuam na conta do Imasul, rendendo juros. “Três Lagoas tem unidade de conservação para receber esse investimento, sem contar que podemos criar outras”, ponderou o promotor Antônio Carlos.