Durante entrevista ao Microfone Aberto, durante o quadro Saúde é Massa, da Massa FM Campo Grande, nesta segunda-feira (2), o professor Carlos Alberto Rezende, conhecido como Professor Carlão, fez um alerta direto: o número de doadores regulares de sangue no Brasil ainda está abaixo do ideal.
Ele, que é transplantado de medula óssea, preside o Instituto Sangue Bom e é diretor regional da Associação Brasileira de Transplantados, falou sobre os desafios, mitos e avanços nas campanhas de conscientização sobre doação de sangue e medula, especialmente no contexto do Junho Vermelho e Junho Laranja.
Só 1,4% da população doa sangue com regularidade
Segundo Carlão, a Organização Mundial da Saúde recomenda que de 1% a 3% da população de um país seja doadora regular de sangue. No Brasil, esse número está em 1,4%.
“São 14 doadores a cada mil habitantes. É o que sustenta o sistema, mas ainda é baixo”, destacou. Para reverter esse cenário, ele afirma que o Instituto Sangue Bom realizou 262 ações de mobilização em 2025, promovendo doações em empresas, escolas, eventos esportivos e repartições públicas.
A doação vai além da doença
Apesar da leucemia ser a doença que mais impulsiona as campanhas, Carlão lembra que a necessidade de sangue é constante e vai muito além dos casos de câncer. Cirurgias, acidentes e outros procedimentos médicos dependem diariamente do abastecimento do Hemosul, o hemocentro coordenador de Mato Grosso do Sul.
“A doação é um gesto de amor. As ações precisam ser constantes, não só durante o mês de junho”, defende.
Corrida Sangue Bom é destaque nacional
Como parte da mobilização do Junho Vermelho, Carlão organizou no último domingo a 8ª edição da Corrida Sangue Bom, que integra o Circuito Nacional de Corridas do Sesc. O evento, que reuniu 1.182 participantes, é destaque nacional: tem o maior índice proporcional de inscritos que também são doadores de sangue e medula óssea.“É um reflexo do trabalho contínuo de conscientização”, pontuou.
Desmistificando a doação de medula
Carlão aproveitou a entrevista para combater um dos principais mitos sobre a doação de medula óssea: a confusão entre medula óssea e medula espinhal. “A medula óssea é o tutano do osso, aquele miolo que muita gente come no churrasco. Não tem nada a ver com a coluna vertebral”, explicou.
Ele também ressaltou que o procedimento de retirada é simples, feito por agulha, sem bisturi, e que o corpo repõe a quantidade retirada em cerca de duas semanas. Para se cadastrar, é necessário ter entre 18 e 35 anos, apresentar documento com foto e doar uma pequena amostra de sangue. A chance de encontrar um doador compatível, segundo Carlão, é de uma em cem mil.
Doação de sangue: quem pode doar?
Para doar sangue, a faixa etária permitida vai de 16 a 69 anos, e o doador precisa pesar pelo menos 51 kg. Antes da coleta, há uma triagem feita por profissionais de saúde. “Uma bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas diferentes, pois é fracionada em seus componentes”, lembrou.
Confira a entrevista na íntegra: