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RELATÓRIO FINAL

CPI aponta frota sucateada, falhas na fiscalização e recomenda intervenção no transporte coletivo da Capital

Só este ano, a Agetran registrou 1.726 autos de infração, muitos por falta de veículos ou viagens não realizadas

Frota tem idade média de 8 anos e meio, aponta texto (Foto: Reprodução/ PMCG)
Frota tem idade média de 8 anos e meio, aponta texto (Foto: Reprodução/ PMCG)

O relatório final da CPI do Transporte Coletivo, apresentado na sexta-feira (12), revela um cenário de irregularidades contratuais, má gestão e sucateamento da frota operada pelo Consórcio Guaicurus. O documento será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPMS), ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/MS) e à Prefeitura, que poderá adotar medidas como intervenção ou até a caducidade do contrato.

Segundo a investigação, a frota de 460 veículos tem idade média de 8,6 anos, acima do limite contratual de 5. Parte significativa dos ônibus roda há mais de uma década sem renovação, comprometendo segurança e qualidade do serviço. Em 2025, a Agetran registrou 1.726 autos de infração, muitos por falta de veículos ou viagens não realizadas.

A CPI também identificou movimentação financeira irregular de R$ 32 milhões entre o Consórcio e a Viação Cidade dos Ipês, que não integra o grupo responsável pela concessão. A operação, sem respaldo contratual, será apurada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas.

Outro ponto crítico foi a omissão do poder concedente na fiscalização. Relatos de ex-diretores da Agereg apontam falta de rigor técnico, dependência de cargos comissionados e pressão política nas decisões.

O relatório recomenda:

  • intervenção imediata na concessão ou decretação de caducidade, caso não haja correções;
  • reestruturação regulatória, com concursos para auditores na Agereg e Agetran, além de mandatos fixos e sabatinas para diretores;
  • encaminhamento ao Ministério Público Estadual, do Trabalho e Federal, além do TCE-MS, para apuração de responsabilidades.

Para os vereadores, a CPI cumpriu papel de “dar voz às reclamações da população” e reforçar a necessidade de transparência e participação social na gestão do transporte público.

“O contrato virou um problema para a cidade. A Prefeitura precisa decidir se continua pagando por um serviço precário ou se rompe de vez com o modelo”, disse a relatora Ana Portela.

Na terça-feira (16), o relatório será apresentado em plenário na sessão ordinária da Câmara. Na sequência, o texto será encaminhado ao Ministério Público Estadual para que seja decidido se a instituição acata ou não as denúncias apresentadas pela CPI do Transporte Coletivo.