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MEIO AMBIENTE

Crise hídrica no Rio da Prata ameaça Pantanal e acende alerta em MS

Outros rios pantaneiros também apresentam sinais de pressão, aponta biólogo

Voluntários realizam o resgate de 148 peixes de área confinada no leito do rio (Foto: Reprodução/ MPMS)
Voluntários realizam o resgate de 148 peixes de área confinada no leito do rio (Foto: Reprodução/ MPMS)

A crise hídrica que atinge o Rio da Prata, em Mato Grosso do Sul, tem preocupado especialistas e órgãos ambientais pela gravidade e pelos riscos à biodiversidade local. O rio, conhecido pela beleza cênica e importância para o ecossistema do Pantanal, enfrenta interrupções no fluxo de água em áreas de nascente.

Sérgio Barreto

Segundo o biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), ainda não há uma causa única definida para o problema. Estudos preliminares indicam que a estiagem prolongada, o mau uso do solo e a abertura de valas de drenagem em áreas de banhado podem estar entre os fatores.

“É uma situação complexa, provavelmente causada por diversos elementos”, explicou.

Impactos no meio ambiente

O Rio da Prata é um dos principais pontos de reprodução de peixes na região. Barreto alerta que o represamento de cardumes já obrigou equipes a realocar espécies presas em trechos do rio. “Alguns animais sobrevivem, mas muitos acabam morrendo”, disse.

Embora o rio seja considerado preservado — menos de 5% da área apresenta desmatamento — mesmo pequenos pontos de degradação em áreas estratégicas podem comprometer a estabilidade hídrica.

Resposta coletiva

A crise mobilizou uma força-tarefa com participação do Ministério Público, Polícia Militar Ambiental, órgãos fiscalizadores e pesquisadores. A meta é identificar causas e propor soluções que conciliem conservação e produção agrícola. “É possível que as duas frentes caminhem juntas, com novas metodologias e tecnologias”, afirmou o biólogo.

Pantanal em risco

O problema não é isolado. Outros rios que abastecem o Pantanal — como Miranda, Negro, Aquidauana, Formoso e Mimoso — também apresentam sinais de pressão hídrica. Para Barreto, preservar as nascentes é vital para o futuro do bioma. “O Pantanal sem água é um Pantanal condenado”, alertou.

Ele também reforçou a necessidade de uso consciente da água no dia a dia. “A torneira aberta em casa tem impacto direto no Pantanal. A responsabilidade é coletiva para garantir que as próximas gerações conheçam um Pantanal vivo e pulsante”, concluiu.

Acompanhe a entrevista completa: