Nesta quinta-feira (1º) foi celebrado o Dia Nacional de Luta pela Cidadania, Dignidade e Direitos Humanos na Política Nacional sobre Drogas. Na data, instituições de todo o país destacaram ações voltadas à recuperação e reinserção social de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Em Campo Grande (MS), a comunidade terapêutica Esquadrão da Vida, que atua há quase 26 anos no acolhimento e tratamento de dependentes químicos, foi uma das entidades que participaram das ações de conscientização. O o coordenador de tratamento da instituição, pastor Eduardo Chamorro, participou de entrevista ao vivo na manhã desta sexta-feira (2) no Microfone Aberto para falar sobre os avanços e desafios enfrentados no setor.
“O tratamento funciona, mas precisa de apoio”, diz pastor
Ex-acolhido da própria instituição, o pastor relatou sua experiência pessoal e destacou a necessidade de maior investimento público, ampliação de vagas e redução do estigma social em torno da dependência química.
“Muitos ainda enxergam o dependente como alguém sem recuperação. Mas o tratamento funciona, desde que haja vontade da pessoa e apoio da família e da sociedade”, afirmou.
Segundo ele, o preconceito é um dos maiores obstáculos para a recuperação de usuários. “Muitas famílias e até autoridades ainda não entendem que se trata de uma condição que exige cuidado, não condenação”, completou.
Terapia aliada à fé e apoio familiar
O Esquadrão da Vida trabalha com abordagem terapêutica baseada nos 12 passos, palestras educativas, apoio psicológico e espiritual, além de encontros semanais com os familiares dos acolhidos. Chamorro reforça que a participação da família no processo é fundamental para o sucesso do tratamento.
“Não é só o dependente que adoece. A família também precisa ser tratada para ajudar no processo de recuperação, principalmente após a alta”, explicou.
A instituição atende atualmente cerca de 170 pessoas em suas unidades no Mato Grosso do Sul e na Bahia. De acordo com o coordenador, mais de duas mil pessoas já foram acolhidas ao longo das últimas duas décadas.
Mais sensibilidade das autoridades
O pastor defendeu que os gestores públicos conheçam mais de perto o trabalho realizado pelas comunidades terapêuticas e que sejam mais sensíveis ao impacto social dessas ações.
“Quanto mais se entende o que é uma comunidade séria, mais se percebe a importância de apoiar e investir nesse tipo de atendimento”, pontuou.
Apesar das dificuldades, ele reconheceu que a prefeitura de Campo Grande tem mostrado abertura ao diálogo, mas ressaltou que a demanda ainda é maior do que a oferta de vagas.
“Há saída”, afirma o coordenador a quem busca ajuda
Chamorro deixou uma mensagem direta para quem enfrenta a dependência química e para seus familiares:
“Existe saída. Deus me deu essa oportunidade e hoje posso testemunhar. Ninguém melhor para dizer que o tratamento funciona do que quem já passou por ele” concluiu.
O coordenador também disponibilizou os contatos da entidade para quem busca ajuda: (67) 98119-9961 e (67) 98123-9305.
Sobre o Esquadrão da Vida
Criada em 1999, a comunidade terapêutica Esquadrão da Vida tem unidades em Campo Grande, Batayporã (MS) e Eunápolis (BA). Atua com foco na recuperação de dependentes químicos por meio de atendimento terapêutico, espiritual e suporte familiar, sendo referência no estado.