O monitoramento inédito de um tatu-canastra (Priodontes maximus) realizado pela Suzano em parceria com o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) está indo além da preservação da maior espécie de tatu do mundo.
Equipamentos de captura de imagem, instalados como parte do Projeto “Canastras e Eucaliptos”, estão registrando também a presença de outras espécies da fauna do Cerrado, entre elas onça-parda, anta, tamanduá, irara, cateto e queixada. (Galeria de fotos ao final da reportagem)
A iniciativa começou em abril de 2024 com a formalização da parceria entre a empresa e o instituto. Após meses de reconhecimento da área e instalação de armadilhas fotográficas, a primeira captura de um tatu-canastra ocorreu em março deste ano.
A fêmea adulta, de 37 quilos e 1,52 metros, passou por exames clínicos e recebeu um transmissor GPS, que coleta dados de localização a cada sete minutos, ajudando a entender seus hábitos noturnos.
Esse monitoramento, segundo o biólogo Gabriel Massocato, do Programa de Conservação do Tatu-canastra, permitiu observar como a espécie interage com o ambiente composto por Cerrado nativo e plantações de eucalipto.
“Ao compreender o comportamento da espécie nessas áreas, conseguimos otimizar os corredores ecológicos, promovendo a conectividade e permitindo a circulação dos animais com mais segurança”, explicou Massocato.
Entretanto, o impacto do projeto foi além do tatu-canastra. As câmeras automáticas instaladas no ambiente florestal flagraram diversos outros animais silvestres, indicando a importância dessas áreas para a biodiversidade regional.
A presença de grandes mamíferos como a onça-parda e a anta reforça o valor ecológico das áreas de Cerrado.
Preservação e paisagens produtivas
Atualmente, somente a empresa Suzano mantém 808 mil hectares em Mato Grosso do Sul, dos quais quase 250 mil são destinados exclusivamente à preservação ambiental. Nesses territórios, mais de 1.500 espécies já foram registradas, incluindo 770 plantas, 388 aves e 92 mamíferos.
Com os primeiros resultados, o “Canastras e Eucaliptos” demonstra que áreas produtivas de eucalipto, quando bem manejadas, podem coexistir com ambientes de alto valor ecológico
Para Renato Cipriano Rocha, coordenador de Meio Ambiente da Suzano, o projeto representa um avanço na integração entre produção e conservação.
“Todo o nosso manejo florestal é focado na proteção da biodiversidade, o que inclui plantio em mosaico, programas de restauração ambiental e implantação de corredores para conectar fragmentos do Cerrado”, afirma Rocha.
A continuidade do projeto deve ampliar a proteção não só do tatu-canastra, mas de toda a fauna silvestre que depende desses ecossistemas.