Um projeto desenvolvido no câmpus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Nova Andradina está testando uma nova forma de conectar o agronegócio à era digital.
Com a criação de uma intranet rural, estudantes universitários e da educação técnica têm desenvolvido, de forma conjunta, uma solução para ampliar o acesso à conectividade no campo — um dos principais entraves para a adoção de tecnologia no setor produtivo.
A proposta surgiu de discussões no Laboratório de Inovação, Gestão Estratégica e Marketing da UFMS. A falta de sinal de internet em propriedades rurais foi identificada como um gargalo que impede o uso eficiente de dados e tecnologias, dificultando a gestão inteligente das atividades no campo.
A partir disso, alunos dos cursos de Administração e Engenharia de Produção, em parceria com estudantes do curso técnico em manutenção e redes de computadores do Centro de Educação Profissional Ezequiel Ferreira Lima, desenvolveram um sistema próprio de transmissão de dados.
A solução consiste em uma intranet rural que permite o envio de informações para a nuvem a partir das áreas de produção, oferecendo aos produtores dados em tempo real para tomada de decisões. A primeira fase da iniciativa já foi concluída com testes de viabilidade.
Com resultados considerados positivos pelos idealizadores, o projeto agora avança para a implementação direta em propriedades agrícolas de Nova Andradina, em parceria com o Sindicato Rural do município.
Além de conectar o campo, o projeto também tem um impacto direto na formação dos estudantes. Ao todo, 30 universitários e 16 alunos da educação básica participaram da construção e da aplicação da tecnologia.
Os estudantes técnicos colaboraram com a instalação e testes da infraestrutura de rede, enquanto os universitários trabalharam na modelagem e na aplicação da solução voltada à gestão.
“Essa experiência permitiu contato com problemas reais, desenvolvimento de habilidades práticas e a descoberta de novas perspectivas sobre inovação no agronegócio”, explicou a professora Gislayne Goulart, coordenadora do projeto.
Três eventos abertos à comunidade também foram realizados, reunindo cerca de 160 participantes e promovendo trocas de experiências entre estudantes, professores e moradores da região.
Para a estudante Luanna Xavier, do curso de Engenharia de Produção, o projeto foi uma forma de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. “Apresentamos o ambiente acadêmico de forma leve e conseguimos canalizar habilidades em soluções sustentáveis que fazem sentido para a realidade local”, afirmou.
Com previsão de expansão, a proposta conta com apoio da Secretaria de Estado de Educação e do Instituto de Pesquisa e Inovação em Inteligência Artificial de Mato Grosso do Sul.
Os próximos passos envolvem testes diretamente nas propriedades, com o objetivo de validar a tecnologia junto aos produtores e ajustar a ferramenta a partir da experiência prática.
*Com informações da UFMS