
Um antigo lixão desativado em Ponta Porã está ganhando uma nova função: a de floresta urbana em formação. A iniciativa é conduzida pelo grupo Agrofronteiras, vencedor da edição 2025 do programa Jovem Sucessor Rural, iniciativa pioneira do Senar/MS voltada à formação de novas lideranças para o campo, e tem mobilizado jovens, instituições de ensino, poder público e a comunidade local na recuperação do espaço.
O projeto começou após o grupo identificar que a área seria desativada. Em vez de manter o local abandonado, os jovens decidiram avaliar as condições do terreno e estudar estratégias para recuperar o solo, marcado por resíduos e compactação extrema.
As primeiras mudas, como ipês, exigiram técnicas especiais de plantio e manejo hídrico, além do uso de hidrogel para retenção de água.
A partir dessa etapa inicial, parcerias foram se somando. O Sindicato Rural de Ponta Porã apresentou o projeto a instituições e potenciais apoiadores, o que possibilitou doações de mudas, ferramentas, insumos e serviços de terraceamento.
O Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) também aderiu à iniciativa, transformando o plantio em atividade prática para estudantes de Agronomia.
As espécies escolhidas, em sua maioria nativas, incluem pata-de-vaca, moringa e erva-mate — esta última selecionada tanto pela resistência quanto pelo valor histórico para a região, conhecida como “Princesinha dos Ervais”.
Para os integrantes do Agrofronteiras, o impacto vai além da regeneração ambiental. A ação provocou debates sobre descarte de resíduos, estimulou a participação de jovens da fronteira e aproximou moradores da ideia de que áreas degradadas podem ser ressignificadas.
“Ver mudas novas ganhando vida ali dá a sensação de que estamos devolvendo dignidade para o espaço. É um sentimento de esperança e transformação”, disse o representante do grupo, Ronaldo Gonçalves.
A vitória no programa Jovem Sucessor Rural foi recebida como reconhecimento do esforço coletivo. Os próximos passos incluem formalizar a associação, expandir o reflorestamento e manter o local como projeto permanente.
Criado para formar novas lideranças do campo, o Jovem Sucessor Rural oferece capacitação gratuita em temas como sucessão familiar, gestão, inovação e responsabilidade socioambiental.
Os participantes passam por oficinas, dinâmicas e visitas técnicas ao longo de até nove meses, encerrando o ciclo com projetos aplicados a desafios reais.
Em Ponta Porã, o aprendizado resultou em um símbolo de renovação. O que antes era um problema ambiental agora se torna um espaço de convivência, pesquisa e recuperação do bioma local, prova de que a ação coletiva pode dar novo destino a áreas antes marcadas pelo abandono.
*Com informações da Famasul