O setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul mantém trajetória de expansão com novos investimentos e aumento no número de usinas em operação. Mesmo com o cenário favorável no estado, a medida tarifária anunciada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros levantou preocupações em nível nacional. A taxação de 50% acendeu um sinal de alerta no setor, embora o impacto direto no estado seja considerado limitado.
Segundo Amaury Pekelman, presidente da Associação de Produtores de Bioenergia de MS (Biosul), o etanol produzido em Mato Grosso do Sul é majoritariamente destinado ao consumo interno.
“Apenas 1% da nossa produção vai para os Estados Unidos. O problema maior é que eles tentam pressionar o Brasil a baixar a tarifa de importação do etanol de milho, que hoje está em 18%” – presidente da Biosul, Amaury Pekelman
Para ele, reduzir essa proteção coloca em risco a produção nacional: “Não faz sentido abrir nosso mercado sendo que nossa produção já supre toda a demanda.”
Apesar do debate internacional, o setor vive um bom momento no estado. Mato Grosso do Sul passou de 17 para 22 usinas em operação nos últimos anos, com destaque para a instalação de três plantas voltadas à produção de etanol de milho e outros dois novos projetos com cana-de-açúcar. O crescimento está relacionado ao aumento do consumo de combustíveis renováveis e aos programas estaduais de incentivo ao setor.
Amaury Pekelman também destaca o avanço de novas tecnologias e a diversificação das fontes de produção. “Temos usinas de etanol de milho, projetos de biometano e até pesquisa em combustível para aviação e transporte marítimo. O apelo ambiental impulsiona nosso crescimento”, explicou.
Mesmo com o avanço, o clima segue sendo um fator de atenção. A geada registrada em junho pode ter causado prejuízos à produtividade da cana. De acordo com a Biosul, técnicos ainda avaliam os danos, que devem refletir tanto nesta safra quanto na próxima. A seca do ano anterior também já havia afetado parte da produção.
O setor segue atento à política comercial internacional e aos desafios climáticos, mas projeta continuidade no ritmo de crescimento, com expectativa de maior inserção dos biocombustíveis na matriz energética brasileira.
Setor sucroenergético em MS
O setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul é composto por 22 usinas em operação. Todas produzem etanol hidratado, enquanto 12 também fabricam etanol anidro e outras 12 processam açúcar nos tipos VHP, cristal ou refinado. A geração de bioeletricidade está presente em todas as unidades, e mais da metade — 13 ao todo — envia o excedente de energia para o Sistema Interligado Nacional.
A atividade representa 17% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial sul-mato-grossense e conta com cerca de 800 mil hectares de cana-de-açúcar cultivados em 42 municípios do estado. Nova Alvorada do Sul é destaque nacional, sendo um dos principais polos produtores do país, com mais de 100 mil hectares voltados ao cultivo da cana.
Confira a entrevista na íntegra: