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ENTREVISTA

Mato Grosso do Sul amplia uso da energia solar, mas qualidade da rede ainda é desafio

Presidente da Frente de Geração Distribuída destaca papel do agro e defende mais regulação e abertura de mercado

Mato Grosso do Sul desponta como um dos principais estados do país na geração de energia solar - Foto: Reprodução/Governo de MS
Mato Grosso do Sul desponta como um dos principais estados do país na geração de energia solar - Foto: Reprodução/Governo de MS

Mato Grosso do Sul desponta como um dos principais estados do país na geração de energia solar. Campo Grande, inclusive, figura entre as três capitais com maior potência instalada de geração fotovoltaica, segundo dados apresentados por Germano Lima Caires, presidente da Frente Sul-Mato-Grossense de Geração Distribuída, em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.

Segundo ele, o avanço da energia solar no estado se deve a uma combinação de fatores: tarifas elevadas de energia elétrica, incentivo tecnológico e a força do agronegócio, que tem puxado investimentos principalmente no interior.

“Campo Grande está no top 3 dos municípios em potência instalada. E isso se reflete no destaque do estado como um todo. Desde 2012, quando o mercado abriu, Mato Grosso do Sul se destaca, muito puxado pelo nosso agro”, afirmou Germano.

Abertura do mercado e risco de golpe preocupam setor

O presidente da Frente explicou ainda que o Brasil deve passar por uma transformação no modelo de compra de energia, com a abertura do mercado livre prevista para 2027 — ou antes, caso a medida provisória assinada pelo governo Lula avance.

A proposta permite que consumidores comuns escolham seus fornecedores, o que pode representar economia.

“Hoje o pequeno consumidor é obrigado a comprar da distribuidora. Com a mudança, ele poderá contratar energia de qualquer geradora no país, pagando apenas o custo de transmissão”, explicou.

A Frente de Geração Distribuída, segundo Germano, também atua como uma entidade de proteção ao consumidor e de orientação aos empreendedores. Ele alerta para a entrada de golpistas e empresas despreparadas nesse mercado em expansão.

“Infelizmente, as pessoas ainda estão aprendendo sobre o mercado. E como, em muitos casos, o consumidor compra uma vez só, não pode errar. A gente atua para evitar prejuízos e garantir que a sociedade conheça e confie na tecnologia.”

Campo lidera demanda, mas sofre com instabilidade

Embora os centros urbanos concentrem a visibilidade, é no campo onde a energia solar mais cresce em Mato Grosso do Sul. A adesão à tecnologia é motivada tanto pela economia como pela instabilidade no fornecimento convencional.

“O produtor rural gasta muito com energia. Um suinocultor, por exemplo, gastava R$ 25 mil por mês. Com energia solar, ele pode reduzir para R$ 1.500. E agora, com tecnologias de bateria, o produtor pode armazenar energia e evitar perdas durante quedas de luz, como ocorre com leite resfriado”, disse Germano.

A falta de qualidade na rede elétrica, segundo ele, é um dos principais desafios enfrentados no interior. Mesmo assim, o agro sul-mato-grossense segue na vanguarda.

“Nosso estado é resiliente e conectado com a inovação. Boa parte dos avanços em geração distribuída vem do campo, e é graças ao produtor rural que hoje somos destaque nacional.”

Atuação e convite à mobilização

A Frente Sul-Mato-Grossense de Geração Distribuída faz parte do Movimento Solar Livre, presente em 16 estados, e atua para pressionar os órgãos reguladores, oferecer consultorias contábil e jurídica, e ampliar o acesso à informação.

Ao fim da entrevista, Germano convidou empreendedores e interessados em energia solar a conhecerem a Frente e contribuírem para tornar Mato Grosso do Sul referência nacional no setor.

“A gente está pronto para receber e apoiar os empresários. O objetivo é fazer do nosso estado o número um do Brasil em geração distribuída”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: