Desde a criação do Estado, em 1977, Mato Grosso do Sul se consolidou como um território de oportunidades. O que começou com a expansão das fronteiras agrícolas e o incentivo federal à ocupação do interior hoje se traduz em polos industriais e rotas logísticas.
Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 23% dos moradores de Mato Grosso do Sul nasceram em outros estados — o equivalente a 635.996 pessoas. Entre os migrantes, a maioria veio de São Paulo (33,5%), Paraná (19,3%) e Minas Gerais (5,8%), atraídos por terras baratas e promessas de prosperidade.
“Mato Grosso do Sul é, historicamente, um estado de oportunidades”, explica o professor de Geografia e Geopolítica, Luiz Fernando Cenora. “As pessoas vieram pra cá atraídas por terra barata, infraestrutura e a chance de recomeçar. Essa é a tônica da migração: momentos de oportunidade.”
Crescimento com saldo positivo
Entre 2017 e 2022, o Estado recebeu 116 mil novos moradores, vindos de outros estados e do exterior, e perdeu 88 mil pessoas, resultando em um saldo migratório positivo de 17 mil habitantes — a sétima maior taxa líquida de migração do país, de acordo com o IBGE.
O movimento continua sendo um dos pilares do desenvolvimento socioeconômico de Mato Grosso do Sul. Para Cenora, as novas ondas migratórias estão diretamente ligadas à industrialização e ao avanço das cadeias produtivas.
“Hoje a gente tem uma nova leva de imigrantes por causa dos empregos industriais.
O setor da celulose e da construção civil são os que mais absorvem essa mão de obra. O custo de vida é mais baixo, e as pessoas acabam se fixando, criando raízes e formando novas gerações de sul-mato-grossenses.”
Um retrato que envelhece com o Estado
Os dados do IBGE também mostram que a população migrante está envelhecendo.
Em 2010, a faixa etária predominante entre os moradores não naturais era de 15 a 19 anos.
No Censo de 2022, o grupo majoritário passou a ser o de 25 a 29 anos — sinal de que os migrantes que chegaram nas décadas passadas criaram famílias e se estabeleceram de forma definitiva.
Além disso, a proporção entre homens e mulheres se inverteu.
Enquanto nas décadas de 1990 e 2000 havia mais migrantes do sexo masculino, em 2022 as mulheres passaram a ser maioria, segundo o IBGE.
Para Cenora, esse amadurecimento demográfico é reflexo de um cenário econômico que fixa as famílias e gera pertencimento.
“O crescimento urbano e o custo de vida mais baixo criam condições para que as pessoas fiquem. Essa população fixa, cria descendentes e gera uma nova geração de sul-mato-grossenses”, destaca o professor.
Diversidade que se amplia com a imigração internacional
O Censo 2022 também registrou um salto expressivo na população estrangeira residente no Estado — de 14,6 mil para 26,6 mil pessoas em uma década.
O grupo mais numeroso é o de venezuelanos, que passou de apenas 16 indivíduos em 2010 para 4.249 em 2022, superando os paraguaios (3.065).
A presença de haitianos, bolivianos e colombianos também reforça a nova configuração cultural de Mato Grosso do Sul.
Para Cenora, essa diversidade contribui para a construção de uma identidade plural e dinâmica.
“A migração foi decisiva pra ocupação do território, pro crescimento agrícola e agora industrial. E isso gerou um mosaico cultural — com gente de todo o país e de fora — que forma a identidade do sul-mato-grossense.”
Histórias que refletem um novo pertencimento
O mecânico Sidmar Freitas, de 57 anos, é um exemplo dessa integração.
Natural de Presidente Epitácio (SP), ele viveu em Rondonópolis (MT) antes de chegar a Campo Grande, em 2010, transferido pelo trabalho.
“Jamais imaginei morar aqui, mas foi amor à primeira vista. A cidade é boa, acolhedora, e eu pretendo ficar aqui até o fim da vida. Já apaixonei pela Cidade Morena”, conta.
Casos como o de Sidmar ajudam a ilustrar o que os números mostram: a migração deixou de ser apenas um movimento de passagem e se tornou parte do DNA sul-mato-grossense.
Migração: elo entre passado e futuro
Mais do que um fenômeno demográfico, a migração em Mato Grosso do Sul é um processo histórico contínuo, que acompanha o desenvolvimento econômico do Estado. Se nas décadas de 1970 e 1980 o impulso era o agronegócio, hoje são os polos industriais e os projetos de integração regional que atraem novos moradores.
A cada geração, esses fluxos reforçam a identidade de um Estado que cresce, amadurece e se renova, sempre impulsionado por quem decide fazer do coração do Brasil o seu lar.
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