Veículos de Comunicação

GREVE NO TRANSPORTE PÚBLICO

Motoristas de ônibus aprovam greve geral em Campo Grande a partir do dia 15

Greve geral dos motoristas pode paralisar ônibus em Campo Grande após atraso salarial e incerteza sobre 13º e vale.

Motoristas de ônibus reunidos em assembleia nas garagens, durante a madrugada, discutindo paralisação em Campo Grande.
Motoristas de ônibus reunidos em assembleia nas garagens, durante a madrugada, discutindo paralisação em Campo Grande.

Na madrugada desta quinta-feira (11), cerca de 200 motoristas do transporte coletivo de Campo Grande aprovaram a realização de greve geral a partir da próxima segunda-feira, 15 de dezembro, caso não recebam valor devido. A decisão foi tomada após ficarem sete dias sem receber o salário previsto para o dia 5.

A decisão, tomada em assembleias simultâneas nas garagens do Consórcio Guaicurus, coloca em risco a circulação de todos os ônibus da capital caso os pagamentos não sejam regularizados.

As assembleias ocorreram na madrugada de quinta-feira, 11 de dezembro, nas garagens da Avenida Gury Marques, na Vila Cidade Morena, e da Rua Marina Luiza Spengler, no bairro Ana Maria do Couto. De acordo com o STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande), mais de 200 motoristas participaram das reuniões. Eles aprovaram a greve por unanimidade.

No pátio da Gury Marques, o presidente do sindicato, Demétrio Freitas, conduziu a assembleia com mais de 100 trabalhadores. Além disso, os motoristas se reuniram antes das 4h30, horário em que parte da categoria chega para preparar a saída dos primeiros veículos. No Ana Maria do Couto, o secretário-geral Santino Cândido Meira perguntou quem apoiava a paralisação; a maioria levantou a mão e ninguém se manifestou contra.

O que diz o sindicato

Segundo o sindicato, o atraso no salário rompe um padrão que vinha se repetindo há anos. Até então, os problemas de pagamento atingiam apenas o adiantamento salarial, o vale, equivalente a 40% da remuneração. Agora, os trabalhadores temem também o não pagamento da segunda parcela do 13º salário e do próprio vale de dezembro, ambos com vencimento no dia 20.

Demétrio afirmou que a categoria só retomará o serviço após receber todas as pendências. Nesse contexto, ele condicionou o fim da paralisação ao pagamento do salário atrasado, da segunda parcela do 13º e do vale em uma única vez. Para os motoristas, não basta regularizar apenas uma parte, já que as contas acumuladas não esperam por acordos parciais.

Entre os trabalhadores, o clima é de desgaste. Dos mais novos aos mais antigos na profissáo de motorista, todos relatam um cansaço com a situação. Eles ainda dizem nunca terem vivido uma situação de incerteza tão grande quanto a atual. Não sabem se vão receber o salário para o sustento da família e festas de fim de ano.

Sindicato nega locaute e cita arquivamento de investigação

A greve anunciada ocorre em meio ao histórico recente de conflitos entre sindicato, consórcio e poder público. Em 22 de outubro, motoristas já tinham paralisado as atividades após 48 horas de atraso no pagamento do vale. Naquela ocasião, denúncias levaram o Ministério Público do Trabalho a abrir inquérito para apurar possível prática de locaute. Essa prática ocorre quando a própria empresa estimula a paralisação para pressionar o poder concedente.

O STTCU-CG, porém, sustenta que a investigação já foi arquivada e que não houve irregularidades. Durante a assembleia desta quinta-feira, Santino Meira voltou a negar qualquer conluio com o Consórcio Guaicurus. Além disso, ele classificou as suspeitas como indevidas e reafirmou que a única função do sindicato é defender os direitos dos trabalhadores.

Segundo Santino, o Ministério Público ouviu dirigentes sindicais, analisou a atuação da entidade e concluiu pelo arquivamento da denúncia. Ele também declarou que o sindicato não participa nem tem acesso às disputas contratuais entre Prefeitura e Consórcio. Por outro lado, criticou o fato de os motoristas ficarem “no meio da briga”, aguardando que as partes se entendam para que o trabalho siga normalmente.

Com a aprovação da greve, o sindicato informou que notificará ainda nesta quinta-feira órgãos públicos e instituições diretamente afetadas pela paralisação. Entre eles, estão a Prefeitura, Câmara Municipal, hospitais, Polícia Militar e Justiça. Dessa forma, caso os pagamentos não sejam realizados até segunda-feira, a orientação é de que nenhum ônibus circule em Campo Grande. Isso pode afetar milhares de usuários do transporte coletivo.