O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 76ª Promotoria de Justiça de Saúde, instaurou inquérito civil para investigar a continuidade do uso de ambulâncias alugadas pela Prefeitura de Campo Grande, mesmo após o recebimento de 12 viaturas novas doadas pelo Ministério da Saúde.
A apuração foi motivada por representações de dois deputados federais e do Conselho Municipal de Saúde, além de reportagens que denunciaram a inatividade dos veículos novos, entregues há meses e ainda fora de operação.
Segundo o MPMS, seis ambulâncias foram entregues em dezembro de 2024 e outras seis em abril de 2025 — todas emplacadas, asseguradas e prontas para uso. Uma vistoria técnica realizada em setembro constatou que metade da frota permanece parada na base do Samu, enquanto cinco ambulâncias alugadas seguem em funcionamento.
O contrato de locação, firmado em julho de 2024, prevê o pagamento mensal de R$ 14.295,25 por unidade, totalizando mais de R$ 70 mil por mês. A despesa contrasta com decretos municipais de contenção de gastos vigentes na capital.
A Prefeitura alegou falta de equipes para ativar as novas viaturas. No entanto, o Ministério Público observou que as mesmas equipes que operam os veículos alugados poderiam ser remanejadas para as ambulâncias doadas — o que indicaria uma decisão administrativa que prioriza a manutenção do contrato de aluguel, contrariando os princípios da economicidade e da eficiência na gestão pública.
O caso ganhou repercussão após a divulgação de um episódio em que uma família precisou custear o transporte de um paciente, enquanto as novas ambulâncias permaneciam estacionadas. A Promotoria também alerta para o risco de deterioração dos veículos ociosos, o que ampliaria o desperdício de recursos públicos.
O inquérito civil busca esclarecer os motivos da prorrogação do contrato de locação e verificar a situação real da frota municipal. Foram expedidos ofícios à Prefeitura, à Câmara Municipal e aos parlamentares autores das representações, solicitando informações detalhadas sobre o caso.
Com a investigação, o MPMS reafirma seu papel fiscalizador e o compromisso com a transparência, a boa gestão dos recursos públicos e a qualidade dos serviços de saúde prestados à população de Campo Grande.